Quem ama uma arquitetura antiga, principalmente as residências dos anos 50, 60 e 70, certamente ama um cobogó. E essa paixão toda não é por acaso, afinal, são blocos vazados com uma variação rica de cores, desenhos e materiais.
O interessante é que a origem dessa peça não é muito distante e é tão brasileira quanto o piso de caquinhos e o cachorro caramelo. Foi criada nos anos 20 em Recife por três engenheiros de nacionalidades diferentes, cujas primeiras sílabas de seus sobrenomes formam o nome “cobogó” – o português Amadeu Oliveira COimbra, o alemão Ernest August BOeckmann e o brasileiro Antônio de GÓis.
Sua inspiração veio dos muxarabis, que são peças vazadas típicas da Arábia e feitas de madeira, que serviam para fechar parcialmente os ambientes internos. Já os cobogós eram, inicialmente, feitos apenas de cimento e foram pensados para os ambientes externos, como sacadas e janelas, a fim de trazer mais privacidade e, ao mesmo tempo, ventilação e luz solar.
O primeiro projeto arquitetônico que usou o cobogó foi a antiga Caixa d’água de Olinda, assinado por Luiz Nunes em 1934. Com a sua popularização no decorrer do tempo, o item foi sendo feito de outros materiais, como argila, vidro e cerâmica, ganhou mais outros desenhos e expandiu seu uso para áreas internas, tornando-se assim um dos principais elementos da estética moderna brasileira. Já na segunda metade do século XX, o cobogó já embelezava muitas casas brasileiras de classe média, fazendo combinação com outros elementos nostálgicos da época.
Aliás, o sucesso do cobogó não parou aqui no Brasil. Entre os anos 50 e 60, este item se tornou um item indispensável na arquitetura da cidade de Palm Springs, nos EUA. Uma boa parte das casas de lá tem seus ambientes externos decorados com os cobogós que variam entre o branco e tons pasteis. Talvez seu sucesso por lá seja por conta da estética moderna e de sua origem brasileira, já que a cidade californiana é conhecida pelo seu modernismo e por ser um “paraíso tropical”.
Nos anos 80, 90 e 2000 o cobogó deu lugar aos tijolos de vidro e, portanto, caiu um pouco no esquecimento, sendo mais lembrado como algo “brega” ou “coisa de vó”. Mas a partir de 2010 ele voltou com tudo e repaginado, deixando o ambiente mais jovial e com aquela pitada de modernismo vintage. Hoje é possível encontrá-lo de várias formas, cores e materiais à venda nas lojas de construção e revestimentos por todo o país.