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Conheça as famosas gangues formadas por garotas, mostrando ser um sexo nada frágil

31 de agosto de 2015, por Eduardo Molinar
Lifestyle

Qual é a imagem mais vendida da mulher dos anos 50 e, consequentemente, de uma rockabilly girl? A da garota usando um vestido rodado, batom vermelho e um lenço no pescoço. Essa é a imagem clássica de uma pin-up girl. Mas, desde àquela década, com o advento do rock’n’roll e do rockabilly, as mulheres começaram a se livrar desse papel secundário e frágil, mostrando que poderiam utilizar jaquetas de couro, calças jeans e botas, assim como os homens. Nascia um estilo de garotas rockers tão duronas quanto os bad boys à la James Dean e Marlon Brando, um estilo tão revolucionário e político quanto os movimentos de décadas posteriores.

Agora, imagine a sociedade dos anos 50 nos Estados Unidos. O que o governo incentivava era uma casa, dois filhos, o homem trabalhava e a mulher cozinhava e cuidada dos serviços domésticos. Perfeito! Ideia comprada na hora pelas famílias de classe média. Então, quando surgem no cinema filmes como Rebel Without a Cause (Juventude Transviada), The Wild One (O Selvagem) e King Creole (Balada Sangrenta), que mostram gangues juvenis brigando com canivetes, usando jaquetas de couro e calças jeans, filhos enfrentando com voz alta seus pais era um escândalo! Um absurdo que não poderia ser aceito pelos adultos.

Teddy Girls

Editorial inspirado no estilo rocker das garotas em contraponto às pin-ups (Foto: Reprodução)

Estamos falando de cenas que mostravam garotos, mas nos mesmos filmes aparecem atrizes como Natalie Wood discutindo com seus pais, fumando e batendo a porta do quarto em resposta às atitudes dos mais velhos. Em outra cena de Wild One, uma antiga namorada de Johnny Stanbler (Marlon Brando) aparece trajando quepe, calças e com uma garrafa de cerveja na mão, uma garota no estilo motoqueiro. Isso era mesmo um absurdo para a sociedade vigente.

As décadas foram passando e o rockabilly ficou um pouco de lado pelos jovens até o fim dos anos 70, quando o punk rock emergiu em Nova Iorque e Londres. Dessa vez, as garotas não queriam mesmo ficar à sombra dos garotos punks, e, dentre elas, podemos destacar líderes de bandas como Joan Jett, de The Runaways, Gaye Advert dos The Adverts e a banda The Slits.

The Runaways

Integrantes da banda The Runaways

Um sub movimento do punk, as Riot Grrrls, trazia uma ideia diferente e agressiva sobre as garotas se rebelarem, conforme Gabriela Gelain, pesquisadora do movimento, explica: “O movimento Riot Grrrl surgiu no início da década de 90, impulsionado por meninas dentro do movimento punk, em Washington D.C (EUA). Sofrendo inúmeros casos de sexismo em diversos ambientes culturais, entre eles a música, as garotas decidiram se expressar, através de fanzines, exposições de fotografias, arte, festivais, letras de músicas e bandas.”

A imagem “feminina” estereotipada também era criticada pelas Riot Grrrls.

“As mulheres por muito tempo foram objetificadas como ‘um toque feminino’ dentro das bandas de rock em geral, e não eram valorizadas pelo que faziam, tocavam, eram chamadas apenas de groupies ou uma minoria. Com o passar do tempo, as mulheres que estavam realmente inseridas nas cenas começaram a se irritar com essa postura dentro da arena subcultural, ainda mais no punk, que sempre foi um espaço dito ‘igualitário’ e ‘libertador'”. – conclui Gabriela.

Com a vinda do punk, o rockabilly também voltou com tudo (chamado neorockabilly) e, dessa vez, com um número muito maior de garotas que não queriam usar o estilo “pin-up”, e sim o estilo rocker. Vídeo clipes como Sexy and 17 e Gene and Eddie, da banda Stray Cats, mostram a diferença no visual das meninas.

No Brasil, mais precisamente em São Paulo, com a chegada do neorockabilly nos anos 80, formaram-se gangues como RatzRebels 50’s, Ases do Rock’n’Roll, entre outras. E com elas, que eram só de garotos, surgem também as Gatas Gatunas, Simple Dolls, Barbara Anne e Betty Boops. Essas últimas que adotaram o estilo rocker, ao invés de pin-up, e da época é a única gangue só de garotas existente.até hoje.

Mesmo conquistando o respeito de todos na cena rocker brasileira, ainda havia rivalidade entre as gangues de meninas, e a pouca aceitação por parte de alguns meninos dificultava ainda mais. Só que o estilo “não mexa comigo” das Betty Boops conquistou um espaço que permanece com elas até os dias de hoje.

No livro intitulado Rockabilly Brasil, com previsão de lançamento em março de 2016, haverá um capítulo tratando especificamente sobre as Betty Boops, com depoimentos das integrantes que fundaram a gangue e de outras integrantes mais novas. Além disso, haverá depoimentos de meninas de outras turmas no restante do livro, contando como era aquela época.

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