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Disco Music e Punk Rock dois estilos bem diferentes e que têm tudo a ver

5 de fevereiro de 2017, por Eduardo Molinar
Música
Ramones

No ano de 2017 dois grandes fenômenos culturais completam, oficialmente falando, 40 anos de existência: a disco music e o punk rock. Tendo 1977 como o ano em que ambos tomaram o mundo fazendo a cabeça dos jovens, esses dois estilos tem mais em comum do que a rivalidade aparente entre os fãs de John Travolta e os punks nos mostra. O Universo Retrô elencou alguns pontos que ajudam a entender como cada um dos ritmos mudou a música em geral e o comportamento dos jovens para sempre.

RITMOS NOVOS QUE RESGATAVAM SONS DO PASSADO

Ao contrário do que a maioria acusava em meados dos anos 70, a disco music e o punk rock não vinham para destruir o que já havia no mundo musical, mas sim para mudá-lo, agregando vários ritmos “esquecidos” com uma nova forma. Na discoteca, junto da batida dance e contínua, ritmos como funk (Disco Inferno – The Trammps), rock and roll (Disco Roller – La Bionda), música folclórica russa (Moskau – Dschingis Khan), sons jamaicanos (Rivers of Babylon – Boney M) foram alguns exemplos da mistura que ocorria (muitas vezes ao vivo, remixadas por DJ’s) nas discotecas. Até a quinta sinfonia de Beethoven foi remixada e ganhou sua versão disco.

O punk rock, apesar do grande número de punks negar Elvis, Beatles e Rolling Stones, resgatava o rock and roll dos anos 50 e 60 e tocava seus riffs de uma nova forma. Essa “mutação” é notável em bandas como Johnny Thunders and the Heartbreakers (Too Much Junkie Businness) e Sex Pistols (God Save the Queen), que fez Chuck Berry afirmar que “aquilo não era ‘música nova’”, pois tais riffs de guitarra eram dele. E o punk também agregou o reggae e o ska (Police and Thieves e Wrong Em’ Boyo, ambas do Clash), criando quase uma união desses movimentos. Mais tarde outros ritmos seriam agregados ao punk rock, como a música celta e a nordestina (feito pelos Raimundos).

INFLUÊNCIA DE UM SOBRE O OUTRO

Logo no início, o punk rock era puro e procurava fugir de qualquer outra coisa feita antes ou no presente, principalmente de um estilo tão midiático como a disco music. No entanto, como excelentes músicos que os punks eram (e ainda são) bandas como Clash, Sex Pistols, Blondie e Talking Heads utilizaram diversos efeitos musicais surgidos dentro das discotecas em suas gravações. O Blondie, vindo do underground CBGB, em Nova York, conquistou seu sucesso comercial quando lançou Heart of Glass, música que se tornou popular em discotecas como a Studio 54, considerada a maior do mundo e cujo dono era o excêntrico e carismático Steve Rubell.

The Clash

O Clash também incorporou novos ritmos e novos elementos à sua música e imagem e nem por isso deixou de ser punk ou traiu o movimento. Eles agregaram uma nova visão ao punk (Foto: Reprodução)

MODIFICANDO O MERCADO FONOGRÁFICO E CRIANDO NOVAS MODAS

Dentro das discotecas, que pela primeira vez trazia a música mecânica e remixada ao vivo, surgiram outros ritmos que, nos anos 80, 90 e 2000, com a decadência da disco music, ganharam o mundo. Essa batida dançante deu origem ao hip hop, à musica eletrônica, modificou o pop (Michael Jackson e Donna Summer são grandes exemplos disso) e colocou o DJ como grande figura de uma festa. O punk rock, por sua vez, deu poder a bandas menores, às gravadoras independentes, influenciou na criação do new wave, do indie rock e colocou o rock and roll de volta ao seu lugar de nascença: as ruas.

Afrika Bambaataa

Afrika Bambaataa, considerado o pai do hip hop, começou nas ruas mas seu som ganhou as discotecas (Foto: Reprodução).

INFLUÊNCIA NO CINEMA

O grande símbolo da época das discotecas é o filme Embalos de Sábado à Noite, que apesar do glamour e da união de culturas proporcionadas pelas boates, mostrou a violência da Nova York do final dos anos 70. Além disso, lançou ao mundo grandes talentos como John Travolta, símbolo de uma geração. Anos depois surgiria o filme Studio 54, retratando o fenômeno musical, cultural e sexual da maior discoteca do mundo. O punk rock popularizou filmes como Laranja Mecânica (já um sucesso na época), Warriors, Class of 1984 e colocou os longa metragens com temáticas de gangues como tendência nos anos 80. Outros ótimos filmes que podem ser citados são Rumble Fish e The Outsiders.

 Class of 1984

O filme Class of 1984 trouxe punk rock, rebeldia juvenil, gangues brigando em escolas e um lema aos punks: “Eu sou o futuro” (Foto: Reprodução)

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