Evelyn Ankers, mais conhecida como a “Rainha do Grito”, estrelou muitos filmes de horror que tanto amamos. Com seu toque delicado, a atriz sempre conseguiu deixar suas marcas por onde passava.
VIDA PESSOAL
Filha de pais britâncicos, Ankers nasceu em Valparaiso no Chile em 1918. Enquanto seu pai trabalhava de engenheiro de minas, dois anos após seu nascimento, a família volta ao solo europeu. Seu pai e irmão abandonam a família, deixando a mãe e Eve desamparadas. Sua mãe começou a trabalhar e pressionar a filha a seguir a carreira de atriz, que começou então a estudar na Academia Real de Arte Dramática. Mas o sonho da bela era seguir carreira como bailarina, chegou até a se apresentar no primeiro programa ao vivo da Europa, em 1934.
Com reflexos da guerra já alcançando o continente europeu, mais precisamente quando a Grã-Bretanha declarou guerra a Alemanha, Ankers decidiu mudar-se para os Estados Unidos. A bela atriz casou-se então com um galã de filmes lado-B, Richard Denning. Durante a Segunda Guerra Mundial, Richard se alistou na marinha dos EUA, servindo em um submarino, sendo assim Ankenrs ficou à frente de sua casa.
Trecho em que seu marido conta como se conheceram:
“Eu estava cumprindo o contrato com a Paramount Pictures e eu tinha um time de boliche – ‘Dick Denning’s Demons’. Nós estávamos na final de um torneio na Sunset Bowling Alley, havia outros 53 times e o ‘Dick Dennin’s Demons’ estavam nas primeiras colocações. Evelyn Ankers e eu tínhamos o mesmo agente e ele pensou: ‘Vou ver se consigo um encontro para vocês!’. Então ele me disse que Eve estava ansiosa para me conhecer e eu disse que também estava. – Quando na realidade nenhum dos dois tinham ouvido falar um do outro.
Então eu estava jogando, e lá estava Eve, sentada nos bancos ao lado de sua mãe, vestida em um glamoroso vestido de seda preto, um chapéu gigante e salto alto – Tudo, menos uma roupa de boliche. Finalmente meu agente apareceu e disse: ‘Olha, Eve está ficando chateada, você disse que estava ansioso para conhecê-la e nem disse ‘Oi’. Então eu disse: ‘Você falou que ela estava ansiosa em me conhecer, ela está sentada ali, é só eu terminar o jogo que já falo com ela.’
Assim que terminei fui me encontrar com ela e disse: ‘Que tal juntar-se a mim para uma partida de boliche?’ – Nunca imaginaria que ela aceitaria essa proposta, pois estava muito bem vestida.
E foi então que ela disse: ‘Claro! Adoraria’. Então ela veio, com seu vestido de seda preto e chapéu enorme; ela tirou seu salto, pegou a bola de boliche – nunca tendo segurado uma antes, levantou a barra de seu vestido e acertou todos os pinos com um belo strike. Foi então que pensei: ‘Se ela pode fazer isso, ela pode fazer tudo.'”
CARREIRA
Ankers conseguiu papéis pequenos em filmes quando ainda morava na Europa, como: Fire over England (1937) ao lado de Vivien Leigh. Com o tempo, sua beleza e talento ficaram em grande evidência, e a atriz conseguiu papéis maiores em filmes com baixo orçamento, entre eles: The Claydon Treasure Mystery (1938).
E teve seu primeiro sucesso em palcos da Broadway com Ladies in Retirement assim que se mudou para os Estados Unidos, mas devido a problemas contratuais a bela atriz não pode recriar seu papel para a versão que seria lançada em filme, no ano de 1941. Sendo assim, assinou contrato com a Universal Studios, o que de fato foi um grande avanço, tanto para ela, quanto para a Universal, que havia começado a contratar atrizes há pouco tempo.
Sua estreia foi em 1941 com o divertido filme Hold that ghost, e co-estrelou The Wolf (1941), que claramente fez um imenso sucesso na época e a abriu portas para participar de outros três filmes ao lado de Lon Chaney Jr. Sendo alguns deles The Ghost of Frankenstein (1942), Son of Dracula (1943) e The Frozen Ghost (1945).
Em 1943, Ankers foi firmemente citada como a heroína numero 1 dos filmes da Universal, mas estava sendo “ameaçada” pela selvagem Acquanetta de Captive Wild Woman (1943), filme que Ankers também participou. Porém, foi com o sucesso Son of Dracula em que ela conquistou a imortalidade, e continuou na liderança feminina de filmes de horror.
Evelyn deixou a Universal em 1945, pois estava grávida de seu primeiro filho e só esperou a conclusão das filmagens de The Frozen Ghost para desligar-se do estúdio. Logo após sua pausa, a atriz começou a trabalhar como freelancer para a Columbia, Producers Releasing Corporation (PRC) e Republic Pictures, dentro dos gêneros drama e mistérios, e foi nesse período em que estrelou Black Beauty (1946) para a 20th Century Fox, ao lado de seu marido, sendo esse um dos dois filmes em que trabalharam juntos. Em seguida, fez o Queen of Burlesque (1946) e mais tarde co-estrelou Tarzan’s Magic Fountain (1949).
Na década de 50 com a grande onda de valores familiares e conformidade, Ankers parou de fazer filmes para dedicar-se inteiramente à família e a casa.
A RAINHA E O REI DOS FILMES DE HORROR
Lon Chaney e Evelyn Ankers são considerados um dos maiores casais do cinema horror, os dois de fato não tinham muita intimidade e algumas fontes dizem que nem se gostavam. Lon Chaney fazia mais o tipo realeza hollywoodiana, enquanto, Ankers tinha traços mais aristocráticos. O ator até tentou uma aproximação com a atriz, quando ainda não era conhecido, a chamando para dançar, mas a bela negou.
O que é inegável é que ambos contribuíram igualmente e juntos para o horror, não demonstravam inimizade nas telas e em fotos promocionais, tinham o talento e química profissional necessária para conquistar legiões de fãs e merecerem o titulo de rei e rainha do horror.
IMPORTÂNCIA PARA A UNIVERSAL STUDIOS
Historiadores e adoradores do gênero chegaram a pensar que talvez a Universal tenha tido o azar de não encontrar Evelyn Ankers na década de 30, década em que horror chegou ao seu ápice do sucesso, porém constataram que, nenhuma outra atriz conseguiria representar a década de 40 com tanto êxito, afinal tinha em sua essência traços de romantismo com toques modernos e sofisticação, suas performances modestas combinavam perfeitamente com o rápido ritmo da Universal em época de guerra e gravações de sagas. A bela loira da Universal, inegavelmente a rainha do horror, contagiou a todos com seu rosto adorável, representou o horror de forma glamorosa, em cenários tão sombrios e ao lado de monstros mais ainda…
Evelyn Ankers deu um novo significado de mocinha à heroína na Universal, mantendo um toque de fantasia de Helen Chandler, no filme Dracula, o lado poético de Zita Johann em The Mummy, e a magia de Valerie Hobson de Bride of Frankenstein.