Se duas comunidades separadas precisam de atenção, imagine quando estas se fundem. Era assim que Marlon Riggs pensava a respeito dos negros e gays, pois ele mesmo sentia o racismo e a homofobia juntos na pele. O professor universitário, que também era cineasta, se consagrou nos anos 80 e 90 ao se tornar um ativista em prol dessas causas e levantar essa questão em seus filmes, que documentam suas estratégias de sobrevivência e resistência.
Agora, para celebrar o mês do Orgulho LGBT+ deste ano, toda a sua filmografia será exibida pela primeira vez no Brasil. A mostra Bixaria Negra – O Cinema de Marlon Riggs acontecerá no IMS Rio e Galpão Bela Maré, ambos no Rio de Janeiro, entre os dias 16 e 30 de junho, e no IMS Paulista, em São Paulo, entre os dias 22 e 29 de junho. Tudo sob a curadoria de Bruno F. Duarte, que, aliás, teve o trabalho de Marlon como tema de seu mestrado na Escola de Comunicação da UFRJ.
“Riggs é, antes de tudo, um gênio. Um homem negro, homossexual, que viveu com HIV e foi um exímio narrador. O cineasta construiu uma filmografia inconfundível, celebrada por equilibrar-se entre pesquisas rigorosas e ousada experimentação estética. Sua biografia reúne muitos elementos para uma bela história de exceção extraordinária. Mas foi a busca pela experiência coletiva comum, impulsionada por uma urgência de comunicação com pessoas negras, que moveu seu fazer artístico”, comenta Bruno.
Nascido no Texas em 1957, Marlon se formou em história na Universidade de Harvard e obteve o título de mestre em jornalismo na Universidade da Califórnia, em Berkeley, onde iniciou sua carreira no cinema em 1981. Até 1994, ano de sua morte por HIV/AIDS, ele não só escreveu, como também produziu e dirigiu filmes sobre raça e sexualidade, que eram marcados por uma extensa pesquisa e pela experimentação de linguagem.
Suas obras eram aplaudidas nos festivais e mostras de cinema da época, onde conseguia prêmios importantes, mas eram alvo de polêmicas quando exibidos na TV aberta americana. Entre seus filmes de destaque estão Línguas Desatadas, o mais conhecido de Marlon lançado em 1989, Do Estereótipo Negro, de 1987, Ajuste de Cor, de 1991, e muitos outros.
Serão oito filmes, sejam eles longas, médias e curta-metragens, assim como um documentário sobre a vida e obra do homenageado exibidos na mostra. Além disso, também haverá a exibição, em diálogo, de nove curtas brasileiros contemporâneos de jovens cineastas negros LGBT+, debates com o colega de trabalho de Marlon, Cornelius Moore, performances artísticas, festa com DJ e muito mais. A sessão do Galpão Bela Maré tem entrada gratuita, mas as das duas unidades do IMS tem ingressos disponíveis para compra em suas bilheterias.
Serviço
Bixaria Negra – O Cinema de Marlon Riggs
Rio de Janeiro
Data: 16 a 30 de junho
Local: IMS Rio (Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, Rio de Janeiro/RJ) e Galpão Bela Maré (Rua Bitencourt Sampaio, 169, Maré, Rio de Janeiro/RJ)
São Paulo
Data: 22 a 29 de junho
Local: IMS Paulista – Av. Paulista, 2424, Bela Vista, São Paulo/SP