Ser gordinha assumida nos dias de hoje, além de um grande exercício de autoestima, é, de certa forma, uma maneira de aderir à cultura Plus Size como estilo de vida e empoderamento feminino. Cultura essa que não se limita apenas à moda, mas também ao comportamento, muitas vezes julgado e menosprezado pela grande mídia e sociedade, adeptas a um padrão de beleza magro.
O termo Plus Size (ao pé da letra, tamanho maior) surgiu em meados da década de 70 nos Estados Unidos, relacionado inicialmente à moda, como forma de rotular os tamanhos maiores, a partir do número 44, que seriam fora do “padrão ideal de beleza”, conceito que atinge principalmente o público feminino. Nos dias atuais, em meio a tantas revoluções sociais, o termo acabou, literalmente, tomando forma e ganhando espaço como um movimento cultural, tornando-se praticamente uma bandeira contra a indústria da beleza.
Se, antes, para muitas mulheres, vestir acima de 44 era motivo de vergonha, hoje, graças ao movimento Plus Size torna-se motivo de orgulho e aceitação, servindo também como uma das armas para o empoderamento feminino. A internet, claro, é um dos principais meios para a difusão dessa tendência comportamental. Basta uma busca pelo termo “Plus Size” no Google ou nas redes sociais, para obter resultados com imagens de belas modelos cheias de curvas, estilo e autoestima.
Por remeter a uma época em que o padrão de beleza era mais curvilíneo e natural, muitas mulheres plus se sentem a vontade em aderir ao estilo Pin-Up nos dias de hoje. Tanto no vestuário, abusando dos decotes, cinturas marcadas e saias godês, que valorizam e acentuam suas curvas e vestem perfeitamente corpos acima do tamanho 44, como também nos penteados, maquiagens e acessórios, que ressaltam suas belezas individuais.
É nesse aspecto que o movimento Plus Size acaba naturalmente navegando pelas ondas do estilo retrô. Uma boa parte das entusiastas do Plus Size, que associam suas curvas à beleza do passado, viram referência, tornando-se muitas vezes modelos ou fashionistas focadas no estilo vintage. Para provar que as Pin-Ups Plus Size são maravilhosas, o Universo Retrô destaca, abaixo, as principais representantes brasileiras deste movimento doce e encantador, que mistura curvas e muita elegância:
Danny Von Z.
Daniele Zapater tem 29 anos, mora em São Paulo e é arquiteta. Possui um canal no Youtube que fala bastante sobre auto-estima e aceitação, tudo com muito bom humor. É bem vaidosa e ama o estilo pinup e rockachola. Faz parte de um grupo de modelos que também retrata esse mundo, chamado PMM – Pink Mink Mafia. Instagram: @danizapater
“Ser Plus Size, muitas vezes, não é fácil. Tanto para achar roupas como lidar com o preconceito. Ainda mais quando, no meu caso, se é adepta ao estilo retrô, deslocada da moda atual. Todo dia é um trabalho interno de amor próprio e de luta contra a imposição da sociedade para sermos magras. Muitas marcas de roupas esquecem ou ignoram a mulher gorda, rotulando como GG ou Plus Size roupas que não se enquadram nem no tamanho 44, nos obrigando a procurar costureiras, que muitas vezes, não sabem e nem tentam fazer roupas no estilo para gordas, porque, na cabeça delas, esse tipo de roupa engorda e não cai bem.”
Chubby Pin-Up
Renata Candido tem 26 anos e mora em São Paulo. É advogada, e nas horas vagas faz vocais em bandas de rockabilly, como Roberto Terremoto e os Abalos Sísmicos e Alex Valenzi. Também já participou de concursos e ensaios fotográficos Pin-Up. Foi eleita Miss À Moda Antiga 2016 e participou recentemente dos ensaios Tempestade Tropical (abaixo) e Sky Lovers, do Universo Retrô. Instagram: @chubbypinup
“Encontrei neste estilo a inspiração para externar toda a minha vaidade que eu sentia antigamente que não podia externar, por estar acima do peso e fora dos padrões atuais de beleza. As roupas com saias na altura do joelho e cintura alta, por exemplo, valorizam qualquer corpo! Toda mulher devia experimentar. Este estilo valoriza as curvas femininas e se adequam perfeitamente ao tipo de corpo que eu tenho, por isso eu amo! Ser Plus Size e modelo Pin-Up pra mim é uma vitória pessoal. Entendi, depois de uma longa jornada de construção de autoestima e autoconfiança que posso ser linda, sexy, feminina, e estilosa sendo gordinha.”
Dani Póvoa
Daniela Póvoa Machado tem 34 anos, mora em Joinville – SC. É chef de cozinha e dona da confeitaria artesanal Rock Cake, que mescla o moderno com o retrô. Já trabalhou como produtora cultural, ramo que a aproximou da música. Gosta de ouvir psychobilly, mas também ama o estilo Lady Like. Instagram: @danipovoa
“Eu sempre fui gordinha e sempre me amei. Faz uns doze anos que comecei a incorporar um topete, um vestido, um assessório… A coisa foi aflorando e daí, onde se veste gente com nosso corpo? Onde compra roupa? O jeito é apelar para brechós, até achar a costureira dos seus sonhos que faça aquele vestido perfeito. Mesmo com tais dificuldades, era inevitável esse universo na minha vida. Independente do meu corpo, ele faz parte de quem sou, e minhas roupas e acessórios só externam tudo isso. Eu nunca me senti mal até participar de um concurso, onde nos bastidores surgiu a seguinte frase: ‘ela é linda mas está fora do padrão’… Esse ano sou Jurada Convidada do mesmo concurso onde eu ‘estava fora do padrão’. Ou seja, o padrão não existe, o que existe é você ser você mesma e aceitar sua beleza, mesmo com quilos a mais. Acredito que o universo Pin-Up é muito mais atitude e personalidade… é você transparecer a sua confiança em ações.”
Michelli Warmeling
Michelli tem 31 anos, mora em Joinville – SC. É estilista e modelista, formada em moda há 10 anos, dona da marca Ateliê Michelli Warmelling. Metida à modelo e amante incondicional da moda Plus Size. Instagram: @michelliatelie
“Acredito que não há uma regra para ser ou não adepta do lifestyle old school/retrô, então, plus size ou não, você simplesmente se apaixona, se identifica. Precisa ter coragem pra segurar o estilo? Precisa sim. Afinal, tudo o que é tido como diferente pela sociedade, requer muito jogo de cintura. Gordas não podem casar, amar, ir à praia, nem mesmo serem Pin-Ups. Sério mesmo? Nós podemos tudo o que quisermos, meus amores. Meu processo de aceitação foi lento, difícil e repleto de grandes obstáculos, o estilo que assumi me ajudou muito nisso, as roupas sempre foram minha identidade, as tatuagens me fizeram mais segura. De certa forma, é como se cada uma me fizesse mais forte e a maquiagem clássica é também minha marca há anos. E de uma coisa eu tenho certeza, uma gorda segura, que se ama e inspira outras mulheres, incomoda, e muito! Então, vamos ser maravilhosas, no estilo que quisermos e incomodar muito mais!”
Paty Presley
Patricia Maria Grossi tem 29 anos. Nasceu em Maringá – PR, mas desde 2009 vive em São Paulo. É stylist, produtora de moda, estilista e dona da marca All Right, Mama By Belanízia e cantora na banda Bamboladies. Instagram: @patricia_maria_grossi
“É fácil associar o meu corpo com o estilo Pin-Up, pois naquela época os padrões eram diferentes, as meninas tinham curvas e aspecto saudável, elas eram autênticas! Ruivas, loiras, morenas, românticas, sapecas ou até sado-masoquistas como a maravilhosa Bettie Page. As silhuetas das roupas da época ajudam a realçar e disfarçar também, como as saias godês que realçam a cintura e escondem a barriguinha! E adoro este modelo, uso sempre! Temos a imagem da garota Pin-Up dos anos 50/60 com curvas bem desenhadas e voluptuosas. Eu acho que o estilo retrô ajuda muito na autoestima das meninas que são plus, pois não existe padrão do corpo perfeito. Para ser Pin-Up, o que vale mais é a atitude!”
Desi Arruda
Desiree Rossetto de Arruma tem 27 anos, mora em Santo André – SP. É Psicóloga Social, e nas horas vagas também faz vocais em bandas de rockabilly, como Roberto Terremoto e Seus Abalos Sísmicos. Apaixonada pela cultura vintage em todas suas vertentes, mas especialmente pela moda e música dos anos 50. Instagram: @desiarruda
“Desde que me entendo por gente estive ‘acima do peso’, sempre fui gordinha, e hoje me considero Plus Size. Nos últimos anos uma onda gigante de aceitação do, antes, diferente e da derrubada de um único padrão de beleza entraram em conflito sobre o que acontecia – na moda e de certo modo na sociedade, no final dos anos 40 e no início dos anos 50. Foram nessas décadas que as mulheres consideradas robustas começaram a ter um olhar para si, ganhando espaço nas revistas, para venda de roupas, lingerie específica, entre outros.
Claro, os olhares para o que era plus na época são um pouco diferentes do que encontramos hoje, mas posso dizer com segurança que, me sinto completamente decidida e empoderada de ser quem sou e como sou dentro da cultura dos anos 50, pois sei que o comportamento, juntamente com o rock’n’roll, quebrou diversos padrões impostos socialmente, buscando espaço para o diferente. É importante deixar registrado aqui que, já ouvi frases desagradáveis no meio, pessoas me mandando emagrecer, me dizendo que palco não é lugar de mulher gorda, que Pin-Up não pode ser gorda e para estes eu só tenho a dizer, o lugar de qualquer pessoa, é onde ela quiser estar!”
Géssica Rouse
Géssica Fervolli 24 anos, mora em Americana-SP. É estilista, dona da marca de roupas retrô Gessica Rouse Original Dresses, famosa por estar sempre usando estampas de bolinhas e por ter um fusca. Cresceu num ambiente completamente vintage: carros antigos, discos e vitrolas, TVs antigas, roupas antigas. Instagram: @grouseoriginaldresses
“Eu sempre fui gordinha, e encontrar roupas bacanas nas lojas era um martírio. Foi então que me despertei para a moda: que tal começar a fazer minhas próprias roupas? Investi em cursos da área, inicialmente para costurar só para mim. Mas virou paixão e virou negócio! O mais bacana dessa história é que eu descobri que o estilo das Pin-Up é muito rico e democrático, uma vez que as modelagens da época permitem o contorno do meu corpo, destacando o que acho bonito e escondendo o que me incomoda.
Quando estou usando meus vestidos godês, saias lápis, eu me sinto tão eu, e tão confortável. Acho que o estilo retrô enriquece o nosso corpo, traz empoderamento e feminilidade! É claro, encontrei dificuldades na aceitação da família no começo. Para eles, estou fora dos padrões de beleza. Mas trabalhar com moda me fez enxergar um mundo maravilhoso de belezas inigualáveis: o bonito é ser diferente! Cada corpo é único, cada rosto tem sua beleza e, sem sombra de dúvidas, o estilo Pin-Up é realmente o mais democrático de todos!”
Kakau Molinari
Laiane Molinari (foto capa) tem 22 anos e mora em Porto Alegre. É cabelereira, maquiadora e dermopigmentadora. Taurina, amante dos animais, extremamente vaidosa e apaixonada pela cultura vintage. Ama sua profissão, na qual o objetivo é levantar a autoestima das pessoas através da beleza. Já participou de Concursos Pin-Ups e ensaios fotográficos com a temática vintage. Instagram: @cacau_molinari
“Primeiramente vem a parte da aceitação, de estar feliz com seu corpo e com seu ego, isso já faz de você uma Pin-Up linda. Infelizmente não conseguimos fugir do preconceito de algumas pessoas quando o assunto é associar a vida de Pin-Up com seu peso, sofremos e muito, mas pelo fato do estilo Pin-Up ser muito delicado e sensual, nós gordinhas acabamos nos animando muito mais a mostrar nossos gostos pela cultura vintage. Mais do que detentoras de um estilo marcante, as Pin-Ups são símbolo de feminilidade e ingenuidade, sejamos livres de qualquer tipo de padrão, sejamos nós mesmas, únicas e totalmente originais.”
É o exemplo de garotas como estas, que serve de inspiração. Encorajar- se e assumir as diferenças, sempre com atitude e bom gosto, torna o processo da aceitação mais sadio, tendo em vista que grande porcentagem da sociedade moderna se enquadra nos requisitos do mundo Plus Size. O estilo Pin-Up só vem a acrescentar ainda mais beleza, sensualidade e doçura à mulher, seja ela o tamanho que for.
Que artigo maravilhoso!!! Quantas meninas maravilhosas!!!
Cada vez mais espaço pra todo mundo! Onde quer que se queira estar!
=D
Bem isso mesmo :)
Lindas <3
Todas <3
Amei a matéria, mas faltou a mais linda e amada de todas pra mim, a Rosiane Cremasco!!
Juliana, foi a Rosiane que fez a matéria ;-)