Este ano, a Pin-Up de dezembro do Universo Retrô saiu um pouco do tema “natalino”, mas, ainda assim, abriu as portas de sua casa para um ensaio cheio de referências familiares que a época pede. Descendente de japoneses, Pamela Morimoto curte o estilo vintage há cerca de 20 anos, especialmente o horror, apesar de contar nos dedos as vezes que posou como Pin-Up.
Com um ensaio clicado por Tainá Lossehelin e produzido por mim – Mirella Fonzar – em seu apartamento em São Paulo, Morimoto mistura as tradições do Japão com as referências estéticas das Pin-Ups dos anos 1940 e 1950. No cenário, você confere itens colecionados por ela e seu marido, Rodrigo Garms, como a vitrola antiga e os discos de vinil de música tradicional japonesa.
Para compor o ambiente, ícones nipônicos, como o vaso de Cerejeira (Sakura), árvore nativa do Japão, e a famosa sombrinha japonesa (Wagasa), que é associada às gueixas do país e também um acessório queridinho das Pin-Ups, mas que, na verdade, possui outros significados. Originário da China, o guarda-chuva é um símbolo de bênçãos e prosperidade, muito usado em cerimônias budistas.
Para o figurino, um Kimono japonês original com estampa floral, um leque – Sensu e uma sandália japonesa tradicional do tipo Geta nos pés reforçam o ar nipônico do ensaio. No cabelo, um penteado feito pela especialista em vintage, Silvia Brito, nos remete às ondas dos anos 1950, arrematado com um arranjo de cabelo floral feito pela Lovely Vintage com a tradicional Sakura japonesa (Flor de Cerejeira).
A seguir, você conhece um pouco mais sobre Pamela Morimoto, a Pin-Up de dezembro do Universo Retrô, numa entrevista.
Universo Retrô – Você curte bastante horror. Conta pra gente sua relação com o horror vintage?
Pamela Morimoto – Desde criança sou fascinada por terror e horror, meu pai me levava na videolocadora para alugarmos filmes e eu só alugava filmes desse gênero! Ele também me levava nas noites de terror do Playcenter e eu amava. (risos). Na adolescência, comecei a consumir só coisas de terror e horror, pegava emprestado na biblioteca do colégio livros como Drácula e Horror em Amityville.
Foi nessa época, através de amigos, que conheci a escritora Anne Rice e, logo de cara, já me apaixonei por suas crônicas vampirescas. Aliás, sou apaixonada até hoje! Nessa mesma época, comecei a colecionar bonecos (coleciono até hoje) e livros de ilustrações. Gosto muito de Halloween e também coleciono coisas deste tema.
Universo Retrô – Há quanto tempo você curte o estilo vintage e o rockabilly?
Pamela Morimoto – O estilo vintage eu curto há uns 20 anos. Comecei a gostar na adolescência, quando descobri o mundo das Pin-Ups nos meus garimpos. O rockabilly eu vim conhecer uns 7 anos depois, claro, conhecia Elvis (Presley), Chuck Berry por causa de suas músicas clássicas, mas nada além disso.
Universo Retrô – Você acha que mudou muito desde que começou a curtir o estilo?
Pamela Morimoto – Sim, a evolução foi natural! Acredito que por conta da maior acessibilidade que temos hoje em dia para pesquisas da cena em geral.
Universo Retrô – Recentemente você entrou para a turma Betty Boops Rockabilly Gang? Como surgiu o convite?
Pamela Morimoto – Sim, eu entrei para as Betty Boops no começo da pandemia. Eu sempre tive amizade com as meninas (desde 2006). Então, apesar de não ser uma Betty Boop andávamos juntas, até que elas começaram a me chamar de mascote, e um belo dia na pizzaria do nosso amigo Mike (lá tinha virado nosso ponto de encontro) eu recebi o convite e topei!
Universo Retrô – E hoje, como o vintage faz parte do seu dia a dia?
Pamela Morimoto – Em praticamente tudo… Nas minhas roupas, nas músicas que escuto e na decoração da minha casa!
Universo Retrô – Apesar de você curtir o estilo há bastante tempo, este foi um dos seus primeiros ensaios fotográficos. O que achou da experiência?
Pamela Morimoto – Eu já fotografei para uma marca de roupa alternativa há muitos anos atrás, mas não foi a mesma coisa. Agora, este último ensaio, tanto para o Universo Retrô como para o calendário do Gaz Burning, ficou do jeitinho que eu queria, ressaltando minhas raízes, paixões, na minha casa, com o figurino que eu mesma escolhi. Sou extremamente tímida e com a ajuda da fotógrafa Tainá (Lossehelin) e da Mirella (Fonzar) na produção, me senti muito à vontade, e gostei muito do resultado.
Universo Retrô – Você e seu marido são colecionadores de discos de vinil. Que tipo de som e quantos LPs podemos encontrar nesta coleção? Quando ela começou?
Pamela Morimoto – O Rodrigo (Garms) é colecionador há mais tempo que eu. Ele começou a colecionar na década de 1990 e eu no começo dos anos 2000, portanto, a coleção dele é bem maior que a minha. Nós temos gostos musicais semelhantes, que variam do jazz até o gótico.
Universo Retrô – Hoje, você tem um brechó itinerante e colabora para brechós de amigas, como o Brechorror e o Brechó Velha Estampa. Como surgiu essa paixão e oportunidade de negócio?
Pamela Morimoto – A paixão surgiu na adolescência. Como sempre gostei de moda, o garimpo em brechós foi fundamental para composição de looks. Um pouco antes da pandemia, resolvi fazer uma limpa no meu guarda roupa e trocar com as amigas, foi aí que surgiu a ideia de começar a vender os meus desapegos.
Universo Retrô – Você como uma grande entusiasta de brechós e antiquários, tem alguma dica para quem está começando?
Pamela Morimoto – É fundamental conhecer um pouco do produto que você está comprando, para não sair no prejuízo, pois tem brechós e antiquários que cobram um valor muito além do que a peça realmente vale.
FICHA TÉCNICA
Modelo: Pamela Morimoto
Fotografia: Tainá Lossehelin
Cabelo: Silvia Brito
Produção: Mirella Fonzar
Acess´ório de cabelo: Lovely Vintage Store
Sombrinha japonesa: Acervo The Pin-Up Project