Foi lá, por volta das décadas de 1940 e 1950, que a figura das Pin-ups se consolidou. Belas mulheres que estampavam as paredes dos soldados em fotografias e ilustrações repletas de charme e erotismo, em poses que passeavam entre o sensual e o cômico. As pin-ups conquistaram um forte espaço no imaginário popular e mesmo nos tempos atuais, ainda são consideradas referências de beleza e estilo.
Em tempos onde ilustradores desenhavam mulheres com o padrão de beleza da época (curvilíneas, de barriga chapada e cintura fina), o norte-americano Duane Bryers foi um controverso no mundo das pin-ups. Para quebrar a visão das pessoas de que o padrão de beleza do gênero só dizia respeito às mulheres magras, Bryers criou, em 1958, Hilda, a pin-up de corpo robusto.
Apesar de ter sido uma “garota de calendário” por décadas, Hilda é quase desconhecida, até mesmo entre os grandes entusiastas da arte pin-up. Voluptuosa, ela desafiou as pin-ups magrinhas da década de 1950 e fui um sucesso imediato, enfeitando calendários desde o ano de sua criação até o início dos anos 1980. A personagem também estampou produtos como cartas de baralho.
Mas a diferença de Hilda das demais pin-ups de sua época vai além do tamanho de seu manequim. Enquanto as ilustrações de suas “concorrentes” eram tipicamente urbanas, ou seja, as mulheres eram retratadas na cidade, em atividades características de uma metrópole; Hilda era uma “garota do campo”, ambientada em um cenário rural, em uma fazenda e regularmente cercada de animais.
Uma garota simples, despojada e ativa, Hilda era colocada por seu criador em diferentes circunstâncias. Fossem elas cômicas, de perigo ou realizando atividades “reais” (o que não era mostrado nas pin-ups comuns), ela sempre estava se divertindo de modo genuíno, tornando-a igualmente sensual e atrapalhada.
Outra singularidade da personagem é que em diversas ilustrações ela aparece lendo, atribuindo uma característica positiva ao seu intelecto.
Um fato interessante sobre a personagem é que ela proveio literalmente do imaginário masculino. Hilda nunca existiu e não havia nenhuma modelo como inspiração. Apenas em seus primeiros trabalhos, Bryers utilizava sua filha como referência, mas diferente da personagem, ela era magra. Segundo Bryers, um braço é um braço e uma perna é uma perna e tudo que você precisa fazer é adicionar um pouco de gordura.
Uma pin-up à frente do seu tempo, Hilda foi um grande passo para o movimento de aceitação e representatividade feminina que vivemos atualmente; 58 anos depois. Duanes Bryers retrata o verdadeiro corpo da mulher, principalmente durante as atividades rotineiras.
Hilda se inclina, seja para realizar uma tarefa ou simplesmente se divertir e suas “dobrinhas” aparecem (e ela nunca mostrou-se tímida em relação a seu físico). É o que acontece com a maioria das pessoas – e muita gente tenta negar e esconder.
Uau! Que show!
Adorei a matérias e a personagem. <3
Hilda é minha modelo, inspiração e gravura favorita. Você não faz ideia como eu amei a reportagem, Carol! Me senti representada dinovo!