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Válvulas Termiônicas, as “lâmpadas” essenciais para um bom som vintage

27 de agosto de 2021, por Leila Benedetti
Música
Válvulas Termiônicas

Alguns entusiastas do vintage/retrô, em especial aqueles adeptos ao início dos anos 60 para trás, têm a sorte de possuir pelo menos um eletrônico valvulado em casa, em sua maioria aparelhos de som, como vitrolas e amplificadores. Já parou para pensar o porquê que eles esquentam tanto? O porquê de suas válvulas termiônicas terem que ser trocadas de tempos em tempos? O UR explica. 

Antes de tudo, as válvulas termiônicas são, basicamente…lâmpadas! Assim como as comuns que usamos para iluminar um cômodo, essas também são filamentos de metal dentro de um tubinho de vidro que geram elétrons com a ajuda da energia do aparelho, mas a diferença é que, ao invés de iluminar (apesar de liberar uma luz bem fraquinha), sua função é cuidar da qualidade e potência do som. Por seguirem o mesmo princípio das outras lâmpadas, chega uma hora que elas queimam e precisam ser trocadas. 

História

Em 1904, o inventor Guglielmo Marconi pediu para seu consultor científico, o engenheiro elétrico e físico inglês John Ambrose Fleming, soluções para que seu então inovador invento, o rádio transmissor, emitisse sinais de radiofrequência. Para isso, Fleming se baseou no Efeito Edison para criar aquela que foi essencial para a primeira radiotransmissão transatlântica da história, a válvula termiônica. 

Com o passar dos anos, as válvulas, inicialmente chamadas de válvulas osciladoras, foram sendo aprimoradas por outros físicos especializados em eletricidade. Em 1906, o americano Lee DeForest estudou a válvula de Fleming, que era do tipo Diodo, ou seja, consistido por dois elementos, e desenvolveu uma versão com três elementos chamada Triodo. Logo depois, outras versões com mais elementos, mais eficiência, menos consumo de energia e menos robustas foram desenvolvidas – Tetrodo, Pentodo, Hexodo e por aí vai. 

Com a popularização do leve, econômico e prático transistor em meados dos anos 60, as válvulas termiônicas caíram no desuso, exceto nos amplificadores de guitarra, cujo som não é “metálico” em comparação com o gerado pelos transistorizados e, portanto, é de maior preferência entre muitos músicos, principalmente os de pegada vintage. 

John Ambrose Fleming
(Fleming, a primeira válvula da história e sua patente. | Foto: Reprodução)

Tipos de válvulas e sua devida atenção

Focando nas válvulas mais populares, que são as Pentodos, existem apenas dois tipos delas – a Pré-amplificadora e a Power-amplificadora – que se diferem no tamanho e na função. A Pré-amplificadora, de tamanho menor, é responsável pela qualidade do timbre e ganho do som, já a Power-amplificadora, a mais comprida, é responsável pelo volume. 

Essa informação é de extrema importância para quem tem qualquer equipamento valvulado de áudio em casa, pois ela será usada na hora de trocar as válvulas. Colocou o aparelho no volume máximo e o som continua baixo e sem “brilho”? A Power deve estar fraca. O volume está normal, apesar de um pouco falho, mas o som não está naquela qualidade de sempre? Nesse caso, quem precisa de atenção é a Pré. É preciso saber qual que é qual, além da função de cada uma, para não cometer nenhum erro sério. 

Outra forma de saber qual é a Pré e qual é a Power é olhar o número de modelo registrado nelas. Válvulas marcadas com as sequências ECC83, 12ax7, 12au7,12at7 ou 12ay7 são as mais conhecidas entre as Pré-amplificadoras, enquanto que as marcadas com 6L6, EL34 ou EL84, são as mais comuns entre as Power-amplificadoras. 

Válvulas Pré e Power
(Válvulas Pré-amplificadora – esq. – e Power-amplificadora. | Foto: Divulgação/ampvalves.co.uk)

Duração das válvulas termiônicas

Já que mencionamos a troca de válvulas, vamos citar agora a duração delas. Novamente assim como as lâmpadas, elas duram um bom tempo, mas não tem exatidão. Dependendo do uso e da qualidade do aparelho, bem como das válvulas, claro, elas podem durar por anos e até décadas. Porém, por mais conhecida e confiável seja a marca da válvula, a qualidade das produzidas atualmente é uma roleta russa.

Por conta de sua pouca demanda, sendo produzida atualmente apenas para os amplificadores e alguns equipamentos de estúdio, as fabricantes não possuem um controle de qualidade muito eficaz para as válvulas que produzem. Assim, alguns lotes podem chegar ao mercado em bom estado, enquanto outros da mesma empresa podem deixar a desejar.  

Os fabricantes de válvulas termiônicas

existem vários fabricantes de válvulas termiônicas no mercado, entre elas estão a Miniwatt, da Philips, JJ Tesla, Ruby, Electro Harmonix…e, agora comparando com as pilhas, está tudo bem substituir as válvulas de seu eletrônico por as de outras marcas, desde que o modelo e o tipo da válvula a ser trocada sejam compatíveis. As válvulas de marcas diferentes das que vieram de fábrica não danificam seu aparelho, mas apresentam diferenças nos timbres, apesar de não comprometer a qualidade do som. 

Está na hora de trocar as válvulas termiônicas de seu equipamento de áudio? Saiba que não é difícil achá-las para comprar. Tanto em lojas físicas de eletrônicos como em sites de compra e venda, como o Mercado Livre, é possível encontrar de diversas marcas, modelos e tipos. Seja lá onde for comprar, seu preço nunca é inferior a R$100 (se achar uma mais barata que isso, fuja!), mas valerá a pena ter seu eletrônico funcionando com o som na mais alta qualidade. 

Philips Miniwatt
(É possível encontrar válvulas de várias marcas tanto em lojas físicas de eletrônicos quanto em sites como o Mercado Livre. | Foto: Divulgação/Tube Database)

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