Home > Destaque > Feminismo mod: 6 representantes femininas da subcultura que fizeram diferença

Feminismo mod: 6 representantes femininas da subcultura que fizeram diferença

7 de março de 2024, por Leila Benedetti
Lifestyle
Feminismo Mod

Chega mais um Dia Internacional da Mulher neste ano e, claro, nós do UR não deixamos passar em branco (até porque a equipe aqui é majoritariamente feminina). Ao longo desses oito anos (quase nove) de site, já listamos mulheres que fizeram história no jazz, no rock’n roll nacional, década por década do século XX e por aí vai. Portanto, por quê não listarmos as nossas queridas modettes? Afinal, estas viveram uma era de pura revolução cultural, em que a segunda geração do feminismo foi uma das causas, e ainda fizeram parte da subcultura mod, que quebrou vários padrões na sociedade. 

Como era de se esperar de uma lista relacionada a tal subcultura, nota-se que as mulheres listadas são nomes que deixaram suas marcas no ramo da moda e da música, vale ressaltar também que algumas não apenas foram um marco para o feminismo, como também para outras causas. Confira:

Nomes femininos da cena mod que deixaram suas marcas 

1 – Dusty Springfield

Dusty Springfield cantava baladas românticas e músicas típicas da adolescência da época, fora que sua aparência era aquela super aceitável pela sociedade – branca, loira, completamente feminina, com vestido abaixo do joelho e penteados beehive. Mas ninguém imaginava que ela vivia com outra mulher durante a segunda metade dos anos 60. Este fato foi revelado em uma entrevista dada pela cantora para o jornal britânico Evening Standard em setembro de 1970. 

Lá ela dizia que tinha um relacionamento e até morava junto com a também cantora Norma Tanega. Logo depois, entre aquela década e os anos 80, ela teve mais outros relacionamentos homoafetivos. Nos anos 60 ela escondia seu relacionamento com Norma por medo de prejudicar sua carreira, visto que, apesar da revolução, a década ainda era um tanto conservadora. Mas hoje, além dos mods e da cultura pop dos anos 60 no geral, ela também é símbolo da comunidade LGBT+

2 – The Liverbirds

E no meio da Beatlemania, com vários garotos formando suas bandas inspiradas nos Beatles, surge uma banda 100% feminina, também em Liverpool, sendo uma das pouquíssimas femininas do gênero e a primeira do tipo a ter um certo destaque, The Liverbirds. Ela seguiu os passos dos fab-four, foi para Hamburgo, na Alemanha, e se apresentou no Star-Club, sendo anunciada como “os Beatles femininos”. 

Valerie Gell (guitarra e voz), Pamela Birch (guitarra e voz), Mary McGlory (baixo e voz) e Sylvia Saunders (bateria) se viram fazendo mais sucesso na Alemanha do que no Reino Unido, sua própria terra-natal, mas ouviram do próprio John Lennon que “garotas não poderiam tocar guitarras”. Se sentindo provocadas, elas se apresentaram mais vezes no Star-Club, tornando-as uma das atrações principais da casa, e lançaram dois álbuns e vários singles na própria gravadora do clube. Aliás, um dos hits mais conhecidos, o cover de Diddley Daddy, de Bo Diddley, chegou ao quinto lugar das paradas alemãs. 

3 – Dara Puspita

A banda Dara Puspita seguia a mesma linha das Liverbirds, com exceção de que elas não fizeram sucesso e nem se apresentaram na Europa, mas sim na Ásia, tornando a coisa mais feminista ainda. Naquela época, um grupo de rock totalmente feminino já era um escândalo em terra ocidental. Já na Indonésia esse escândalo era maior por conta do regime de ditadura em que viviam com o governo de Sukarno. 

Lá no país, o rock’n roll em si já era proibido por “trair a cultura local”, tanto que chegaram a aprisionar o grupo de rock Koes Bersadura, que era muito popular, entretanto, a coisa esquentava ainda mais quando se tratava de mulheres. Titiek Adji Rachman (guitarra solo), sua irmã Lies Adji Rachman (guitarra base), Titiek Hamzah (baixo) e Susy Nander (bateria) também enfrentaram a pressão do governo, mas conseguiram escapar da prisão se mudando e se apresentando na Tailândia.

Só uma curiosidade, a banda durou até o final do ano passado (com idas e vindas, claro), quando Lies morreu aos 78 anos por complicações de diabetes.

4 – Mary Quant

Indo agora para o campo da moda, outro nome de respeito na cena mod é Mary Quant com sua célebre criação, a minissaia. A peça inventada pela estilista ícone da Swinging Sixties foi muito mais que uma peça nova de roupa, foi também um ode à liberdade, uma quebra do padrão feminino, que até então era um tanto submisso e, em termos de vestimenta, um tanto desconfortável. 

Só esse pedacinho de pano que era a minissaia abriu portas para que outras peças de roupa, da Mary ou não, fossem criadas, como as botas de cano longo, camisetas mais justas e meias coloridas e compridas. Com esses novos looks, as mulheres começaram a ser elas mesmas, com mais personalidade e empoderamento para o que quiserem alcançar, desde seus hobbies até suas profissões. 

Mary Quant
(Mary Quant atendendo uma cliente na sua boutique Bazaar. | Foto: Reprodução)

5 – Twiggy

Junto com as minissaias da Mary Quant, quem também ajudou na revolução da estética feminina foi a modelo Twiggy. A aparência da garota era bem diferente das tradicionais modelos dos anos 40 e 50, ela era magérrima, de cabelos bem curtos e quase andrógina. Mas a maquiagem era bem elaborada e bem criativa, para combinar com os looks da Mary Quant e outros estilistas do tipo, tornando o ato de se maquiar não apenas uma forma de se embelezar, como também algo artístico. 

O padrão estético clean da Twiggy deixou a vida da mulher mais prática, pois cabelos curtos são mais fáceis de manter, seu aspecto quase andrógino fez com que o público feminino adotasse um comportamento mais “moleca”, deixando-as mais desinibidas e à vontade, reforçando ainda mais o conceito de personalidade própria já trazidas pela minissaia. 

Twiggy
(O padrão estético trazido pela Twiggy deu mais praticidade à vida da mulher. | Foto: Roger Viollet/AFP Image Forum)

6 – Edie Sedgwick

Edie Sedgwick foi a primeira socialite a escandalizar nas colunas sociais gastando toda sua fortuna em sexo, drogas, roupas e rock’n roll. Isso quebrou aquele padrão de família tradicional da elite, que, apesar de falsa, era vista como exemplo da sociedade. A it girl era apenas ela mesma, bebia e fumava quando dava vontade, se relacionava com quem e com quantos ela quisesse, assim como atuava nos filmes underground de Andy Warhol, mesmo sem ter estudado para tal. 

Além disso, a garota também usou a moda para revolucionar o comportamento feminino. Tanto nos filmes como na imprensa, ela chamava atenção com seus looks maravilhosos e, ao mesmo tempo, fora do comum, como os minivestidos, grandes brincos, collant e cabelos curtos e despojados. 

Edie Sedgwick
(Edie Sedgwick foi a primeira socialite a escandalizar nas colunas sociais. | Foto: Reprodução)

Matérias Relacionadas
Calça Corsário
Calça Corsário, a queridinha da virada do milênio, volta a ser tendência em 2024
Hairspray
Hairspray chega a São Paulo e já está com vendas de ingressos abertas
Ki'mbanda
Afronte: Ki’mbanda lança single celebrando o empoderamento negro
Tia Beth
Tia Beth: romance tem fatos históricos do séc. XX como cenário e muitas reviravoltas

Deixe um comentário