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Mulheres do rock’n roll nacional: 5 nomes que fizeram um curto sucesso nos anos 50

14 de junho de 2023, por Leila Benedetti
Música
Mulheres do Rock'n roll nacional

Sabemos que os anos 50 foi a década que mais marcou a história do rock em todo o mundo. Afinal, foi neste período que o gênero nasceu e, rapidamente, se espalhou por vários países. Daí surgiram muitos artistas, em sua maioria homens, mas as mulheres também tiveram seu espaço no rock’n roll, inclusive o nacional

Entretanto, as rockeiras da época, apesar de todo o talento, tiveram uma carreira que durou pouco tempo e, consequentemente, um breve sucesso. O motivo disso tudo, na maioria das vezes, era o casamento em pleno auge da carreira musical e em (nada) plena época em que os homens se apoderavam de suas esposas. Esse costume estava em todo lugar, mas, comparando com os EUA, cujo artistas como Brenda Lee e Connie Francis se destacaram mais e hoje continuam em atividade, aqui no Brasil isso era mais rígido. 

O resultado de tudo isso foi o surgimento de várias donas de casa anônimas que escondiam gravações suas em um único compacto no fundo do armário e pouquíssimas cópias espalhadas pelo Brasil, cópias estas que hoje, se forem encontradas, são consideradas uma raridade e vendidas a um preço caríssimo. O bom é que, hoje, algumas dessas mulheres são sutilmente mencionadas por aí e, portanto, nós do UR conseguimos listá-las na intenção de tirá-las do injusto anonimato, confira. 

As mulheres que fizeram sucesso no rock’n roll nacional dos anos 50

1 – Nora Ney

Nora Ney é a primeiríssima artista (seja homem, seja mulher) a gravar um rock em terra nacional, disso ninguém lembra, pois…já sabe. Em 1955, depois de ter feito sucesso no rádio com o samba-canção e, por incrível que pareça, defendido a comunidade LGBT+ da época com a canção Preconceito, a cantora recebeu a missão da gravadora Continental, na qual era contratada, de lançar uma versão do então hit Rock Around the Clock, que, também cantada em inglês, misturava o ritmo original com arranjos em acordeon, dando uma “abrasileirada” na música. 

Esta regravação foi um grande sucesso, mas Nora não se familiarizou com o estilo e, dois anos depois, lançou a música Cansei do Rock. Apesar de uma carreira que durou até os anos 70, a cantora não é muito lembrada, talvez seja pelo gênero do samba-canção, que não é tão popular quanto o rock’n roll nos dias de hoje. 

2 – Heleninha Silveira

Do sucesso da versão de Rock Around the Clock de Nora Ney, veio a revolta por parte da gravadora Odeon que, como resposta, lançou naquele mesmo ano uma versão em português do hit batizada de Ronda das Horas na voz de Heleninha Silveira, que acabou ganhando o título de “primeira intérprete de uma música gringa cantada em língua nacional”. Esta versão repetia a mesma sonoridade da versão de Nora Ney e a adaptação da letra ficou por conta de Julio Nagib.  

Apesar da inovação, este lançamento não fez tanto sucesso quanto o primeiro, e Heleninha tentou continuar sua carreira lançando mais alguns singles, porém com uma pegada mais romântica. Mesmo com todo o talento que ela demonstrava desde os seus 15 anos e seu pioneirismo, a cantora era mais reconhecida por, pasmem, “ter o sorriso mais bonito do rádio”. 

Em pouquíssimo tempo ela sumiu do meio artístico e a única coisa que se sabe sobre sua pós-fama é que ela morreu há muitos anos atrás, segundo o comentário de um usuário do Youtube que se identifica como filho dela

3 – Celly Campello

Celly Campello começou sua carreira com o irmão Tony Campello em 1958, mas seu sucesso veio na fase solo em 1959 com a música Estúpido Cupido, outra versão de um hit gringo da época. Esta todo mundo já conhece e, apesar da breve carreira, ela foi eternizada por dar uma identidade própria ao rock nacional, além de abrir os caminhos para a chegada da Jovem Guarda. Ela não precisava estar nesta lista por ter suas informações facilmente encontradas e ser consagrada até hoje, mas ela abandonou repentinamente a carreira em 1962 por se casar com quem namorava desde a adolescência e virar dona de casa. 

A cantora teve seu revival nos anos 70. No início dessa década ela tentou relançar sua carreira, mas só voltou a ter sucesso em 1976 por conta da novela Estúpido Cupido, da TV Globo, na qual gravou uma participação especial. Depois do fim da novela ela chegou a gravar mais algumas músicas, que não alcançaram o mesmo sucesso dos anos 50. 

4 – Regiane

A carreira de Regiane foi lançada de forma curiosa, ela foi apresentada pela Rádio Jovem Pan, no final dos anos 50, como “a cantora misteriosa” e seu nome artístico foi escolhido pelos ouvintes da emissora. E, assim, ela fez sucesso lançando dois singles e um compacto duplo, geralmente de regravações de hits americanos, entre 1958 e 1960. 

Assim como Celly, ela abandonou a carreira para se casar. Mas, ao contrário dela, hoje Regiane é pouquíssimas vezes lembrada, apenas por colecionadores e garimpeiros de discos. Ainda se encontram esses poucos lançamentos dela, que são considerados raros e de alto valor.

5 – Célia Villela

Célia Villela começou sua carreira no início dos anos 50 com ritmos regionais e fox-trot, mas mostrou que conseguia cativar a juventude em 1960 migrando para o rock’n roll. Assim como os outros artistas do gênero na época, ela também chegou a lançar versões de hits gringos, como Conversa ao Telefone (Pillow Talk, de Peper e James) e Trem do Amor (One Way Ticket to the Blues, de H. Hunter e J. Keller), e ainda brincava com a inocência e a sensualidade com a autoral Streap-tease Rock

Além disso, ela chegou a ter seu próprio programa de TV, Célia, Música e Juventude, na emissora carioca Continental e a dirigir o programa de rádio Na Roda do Rock, transmitido na Rádio Globo e, posteriormente, na Rádio Guanabara. Entretanto, ela casou com Carlos Becker, guitarrista e líder da banda The Angels, em meados dos anos 60 e, misteriosamente e de forma repentina, abandonou a carreira. Ela permaneceu reclusa até a sua morte em 2005, chegando a negar uma entrevista que seria concedida para o músico e pesquisador Albert Pavão nos anos 80. 

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