Quando os fãs das criações de Roberto Gómez Bolaños (Chespirito para os mais íntimos) achavam que já sabiam de tudo sobre Chaves, Chapolin e outras produções, eis que são pegos de surpresa com a série La Chicharra. A série de 1979 foi criada para substituir Chapolin e durou apenas 14 episódios que chegaram a ser exibidos no México, mas não deixava nenhum rastro aqui no Brasil até recentemente.
O ano era 1979 e Roberto, já com 50 anos, gravava mais um episódio de Chapolin. A ocasião era uma cena em que o personagem ajudava “ao modo dele” uns operários a construir uma casa e uma tábua de madeira acabava acertando seu rosto. Essa cena foi ao ar como uma situação cômica da série, muitos dos telespectadores sequer imaginaram que aquele golpe foi real e que estava fora do roteiro. Mas essa brincadeira toda rendeu alguns pontos no supercílio esquerdo do ator, além de um certo sentimento de alívio, pois, por uma diferença de poucos milímetros, ele poderia ter perdido parcialmente a visão, ou até mesmo perdido o olho por completo.
Chapolin chegou a ganhar mais alguns episódios depois deste, sendo os dois primeiros pós-acidente com o personagem usando um tapa-olho sob a desculpa de que “estava escondendo o olho roxo causado por uma agressão”. Portanto, foi aí que Roberto sentiu que ele não tinha mais idade física para continuar com o Chapolin, que exigia dele muitas situações um tanto arriscadas.
Já 100% de saúde e sem mais precisar usar tapa-olho, ele e aquele elenco que conhecemos e amamos se juntaram para gravar um episódio final, onde eles apontavam os melhores momentos da série. Logo no final, depois que o Chapolin se despediu, foi exibido o trailer de La Chicharra, série esta que seria sua substituta.
La Chicharra e sua repercussão
La Chicharra (A Cigarra, em tradução livre) girava em torno de uma redação de jornal homônima e das trapalhadas do repórter Vincente Chambón, que trabalha ao lado da fotógrafa Cândida (Florinda Meza), seu chefe Don Lino (Rubén Aguirre) e a secretária Ursula (Angelines Fernández). Esta série seguia os mesmos moldes de todas as produções do Chespirito, mas era um pouco mais voltada para o público adulto, não por conta de temas sensíveis, mas sim por envolver o ambiente de uma redação e, em alguns casos, cobertura de crimes.
A então nova série não teve aquela repercussão toda, durou apenas 14 episódios, sendo encerrada sem nenhuma conclusão, e acabou virando esquetes do programa Chespirito até 1983. Esses episódios foram exibidos normalmente no México, assim como chegou a ser reprisado na TV paga mexicana entre 2009 e 2010. Já aqui no Brasil a série nem chegou a ser exibida e nem tivemos conhecimento sobre a sua existência, tampouco a das esquetes, mas causou surpresa para quem era do Rio Grande do Sul algumas décadas depois.
A supresa que começou no Rio Grande do Sul
O SBT não havia encomendado a La Chicharra e pretendia exibir o último episódio de Chapolin sem a parte do trailer. A equipe da MAGA fez o habitual serviço de dublar a fita, mas sabe-se lá o porquê, dublou esse trecho que seria descartado. Décadas depois, mais especificamente em 2019, quando o SBT não exibia mais esse episódio de Chapolin há tempos, os fãs gaúchos do Chespirito lembraram deste episódio e pediram a volta dele para a filial local. O pedido foi atendido, mas deixaram o trailer vazar para o público.
La Chicharra pode não ter agradado muito os mexicanos, mas olhando os episódios no Dailymotion, mesmo que em espanhol, agradaria e muito o público brasileiro. Esta série apresenta a mesma boa qualidade vista nos demais programas do Chespirito, principalmente nas cenas de humor, fora que, diferente das outras, suas cenas externas eram realmente gravadas em ambientes externos, dando mais realismo para a produção.
O que achou de La Chicharra, a série obscura de Roberto Gómez Bolaños? Já conhecia? Comente.
