Inspirada por bandas do Mod Revival, movimento musical que teve auge entre o fim da década de 70 e inicio de 80, com bandas como The Jam e Secret Affair, e a Soul Music americana dos anos 60, a banda Efedrinas é composta por um grupo de admiradores da subcultura mod. Formada em meados de 2005, Os Efedrinas retratam em suas letras as inquietações que afligem o inconformado habitante de uma grande cidade e o cotidiano dilacerante de uma metrópole como São Paulo.
O grupo se apresentará nesse sábado (11), no Mods MayDay, evento para o lançamento do livro Nós Somos os Mods de André Carmona, que falará sobre a subcultura mod paulistana. A festa ainda contará com a presença de outras bandas do movimento, como The Charts, Modulares e Os Artefactos. Batemos um papo com o baterista da Efedrinas, Caetano Sevilla, para conhecer um pouco mais da trajetória da banda e sobre a subcultura mod. Veja a seguir:
Universo Retrô – Vocês já estão há alguns bons anos na estrada. O que a subcultura mod já representou para vocês e o que ela representa hoje?
Caetano Sevilla – O Efedrinas é uma banda de 2005 e mesmo depois que a banda terminou em meados de 2006 nós continuamos de alguma forma acompanhando as movimentações da cena pela capital. Na época que nos envolvemos com a subcultura mod aquilo tinha um valor muito grande pra gente, de repente tínhamos encontrado uma cena onde poderíamos nos expressar, criar e dividir questões pessoais com várias pessoas que estavam ali pelos mesmos motivos.
Pensa numa turma de jovens entre 18 e 21 que ao mesmo tempo que está descobrindo a vida adulta sente uma necessidade de expor suas inquietações e opiniões sobre a cidade e o meio onde vivem, foi bem intenso. Já nos dias de hoje muitos de nós tomamos outros rumos e nos distanciamos um pouco dessa subcultura, mas falando de São Paulo sempre vamos carregar nossa contribuição com a cena e o fato que pelo menos minimamente conseguimos mostrar a cidade através dos nossos olhos para outros jovens e não tão jovens assim ao passar destes anos.
Universo Retrô – Qual o passado mod no Brasil? Como tudo começou?
Caetano Sevilla – Essa ideia de subcultura, atitude e música surgiu final de 70 começo de 80 com o lançamento do filme Quadrophenia do The Who, acho que daí em diante as pessoas começaram a consumir muito mais materiais relacionados a subcultura mod. Em São Paulo uma das bandas precursoras a levantar essa bandeira foi o Ira!, os dois primeiros discos da banda carregam muito a sonoridade e atitude mod e na sequência tivemos bandas como Faces e Fases, The Charts, Laboratório SP, Modulares, o Efedrinas e Os Artefactos. Em outras capitais tivemos bandas bem distintas também como Hipnóticos, Tarja Preta, Os Efervescentes, Os Chuvas entre outras bandas não declaradamente mod mas que musicalmente seguem uma linha bem interessante.
Universo Retrô – Quais são as referências sonoras e estéticas de vocês?
Caetano Sevilla – O Efedrinas é um balaio de referências, cada um de nós tem gostos bem distintos e sempre tentamos juntar isso em nossas músicas. Vamos da Soul Music ao Punk, passando pela bossa, folk, funky e a junção disso é o que vocês podem ouvir no nosso EP. Quanto a estética, o mod revival é a cara da banda, estar elegante mesmo vivendo em climas diversos como é o caso de São Paulo.
Universo Retrô – Quais são as inspirações para compor as músicas da banda?
Caetano Sevilla – Inquietações pessoais, questionamentos, cidade, vida amorosa, frustrações e São Paulo.
Universo Retrô – Quem é o público mod nos dias atuais? Esse é o mesmo público da banda?
Caetano Sevilla – O público mod de antes e de hoje vai além da subcultura e estética, ele é muito mais musical. Com relação ao Efedrinas sempre tocamos para um público diverso de mods, punks, skinheads, rude boys, roqueiros no geral e todos que de alguma forma se identificam com nossas letras e som.
Universo Retrô – O jornalista e escritor “André Carmona” lançará o livro “Nós Somos Mods”, que irá falar sobre a cena paulistana. Vocês acreditam que a maior concentração de mods está mesmo na capital paulista?
Caetano Sevilla – Sim, mas isso não desmerece em nada os adeptos de outras cidades. São Paulo sempre foi uma cidade inquieta, cosmopolita e berço de vários movimentos e subculturas que depois se espalharam para outros estados. Essa atmosfera da capital paulista é um pano de fundo ideal para o surgimento do movimento por aqui.
Universo Retrô – Como banda, o que vocês mais veneram dentro da subcultura mod?
Caetano Sevilla – Estética e música, parece bem evasivo e abrangente mas é difícil citar coisas específicas. E não vemos tais coisas como veneração, idolatria porque é parte de nós, do nosso dia a dia, do modo como pensamos e agimos.
Universo Retrô – Quem quiser “viver” a subcultura mod hoje, quais lugares devem frequentar?
Caetano Sevilla – Viver a cultura mod está além de lugares a frequentar, é uma coisa muito mais pessoal, estética e intelectual do que propriamente lugares onde se pode frequentar, mas hoje uma boa forma de entrar em contato com a subcultura acompanhar as apresentações de bandas como o Modulares e Os Artefactos que estão ativas e mostrando que vieram pra ficar. Em relação a festas existem vários projetos onde as pessoas podem ter contato com soul music, rhythm and blues e afins mas nenhuma delas é declaradamente uma festa voltada para o público mod, por isso a Mods Mayday vem com uma proposta bem diferente e focada em um público que por anos não tinha sua festa.
Universo Retrô – Vocês estão com algum projeto em mente com a banda?
Caetano Sevilla – Nosso projeto de anos depois que paramos de tocar juntos era fazer um reencontro nos palcos, sempre foi uma vontade de todos e felizmente agora conseguimos concretizar isso ao lado de amigos e pessoas que admiramos bastante. Quanto ao futuro da banda é uma grande interrogação, cada um de nós tem seu projeto musical paralelo e encaixar o Efedrinas nisso ainda não é uma realidade.
SERVIÇO
Facebook: facebook.com/efedrinas
Soundcloud: soundcloud.com/efedrinas
Mods MayDay
Lançamento “Nós Somos os Mods”, de André Carmona
Shows: The Charts, Modulares, Efedrinas, Os Artefactos
DJs: Kalota e Cintia Sixtie.
Local: Morfeus Club (Rua Ana Cintra, 110 – Santa Cecília, São Paulo/SP_
Hora e data: 16h, dia 11/02/2017 (sábado)
Entrada: R$ 20,00 com nome na lista (modsmaydaysp@gmail.com), R$ 25,00 na porta