Dando continuidade a série Pin-Up do Mês do Universo Retrô com o ensaio Tempestade Tropical, registrado pelo fotógrafo Ricardo Biserra, no Aeroclube de São Paulo, no Campo de Marte, trazemos para o mês de abril a pin-up Larissa Montagner, também conhecida como Lady Cat, vocalista da banda Lady Cat & the Watch Dogs e proprietária da extinta marca de roupas retrô My boy Dean e do bar anos 50 Rockerama Club.
Uma das primeiras pin-ups brasileiras, Larissa tem o retrô como estilo de vida. Sua casa tem decoração vintage e até seu casamento foi retrô, com direito a matrimônio em Las Vegas. Todo o seu envolvimento com moda, música e entretenimento, fazem dela uma grande inspiração para quem quer investir nesse mercado.
Fotografada em um Diamond Eclipse, a nossa bela pin-up usa um vestido florido, inspirado na cultura tiki e usa um penteado com Victory Rolls, o famoso rolinho, que recebe esse nome por fazer homenagem ao formato das acrobacias dos antigos aviões. Para conhecê-la melhor, veja o editoral completo abaixo, mais entrevista, falando sobre sua relação com a cultura retrô.
Universo Retrô – Você já teve loja de roupas retrô, um bar inspirado nos anos 50 e banda de rockabilly. Com quais desses segmentos você mais curtiu se envolver?
Lady Cat – Muito difícil dizer… a música sempre foi a base de tudo para mim, se não fosse pela música, com certeza não teria me envolvido de qualquer forma com a cultura dos anos 50. Por isso a minha banda sempre foi um projeto de muita importância e grande satisfação para mim. O Rockerama também foi uma experiencia incrível onde também pude trabalhar com a musica e trazer grandes bandas internacionais para tocar. Trabalhar com eventos é maravilhosos. As roupas também são algo que sinto muito prazer em fazer!
Mas se tiver que escolher só um mesmo, acho que seria a minha banda, Lady Cat & the Watch Dogs, talvez porque foi a única que não tive o compromisso de ser o meu “ganha pão” e pude simplesmente curtir .
Universo Retrô – E em relação ao público, qual teve maior aceitação?
Lady Cat – A My boy Dean foi muito bem aceita e por eu conseguir enviar para todo Brasil era um pouco mais fácil. Trabalhar com vendas online e não ter a necessidade das pessoas irem até você para aproveitar, como shows ou até mesmo o Rockerama, torna tudo um pouco mais fácil.
Universo Retrô – Por estar sempre empreendendo nesse mercado, quais os maiores desafios que você enfrentou para levar para frente esses negócios?
Lady Cat – O maior desafio sempre foi em relação ao público, quem se envolve com a cena rockabilly no Brasil sabe é uma cena pequena, cheia de intrigas, fofocas e egos elevadíssimos. Acho que sempre errei muito em querer trabalhar com algo que eu amo tanto, mas que se limita tanto a somente a esse público.
Universo Retrô – A My Boy Dean foi uma das primeiras marcas de roupas retrô e até hoje suas consumidoras lembram da marca com bastante carinho. Por que você acha que a marca fez tanto sucesso?
Lady Cat – Quando comecei com a My boy Dean era muito dificil conseguir roupas retrô no Brasil. Havia uma loja mais voltada para camisas masculinas em SP. Mas, feminino mesmo, ou você importava, ou mandava fazer, ou improvisava. Então comecei a costurar para mim, depois para algumas amigas… e assim a loja começou.
Eu fazia roupas sob medida, então qualquer um poderia encomendar, sem risco de não servir. Isso agradou muito, principalmente as meninas que usavam tamanhos maiores. Você sonhar com uma roupa e poder tê-la, fez a loja crescer e trouce esse carinho todo. Claro, que hoje muitas outras lojas começaram a fazer essas roupas no Brasil, mas ser a primeira a tornou marcante.
Universo Retrô – Já o Rockerama foi um espaço muito importante para a cena retrô atual e com certeza está na memória daqueles que frequentaram o local. O que você acha que as pessoas mais sentem falta quando o assunto é Rockerama?
Lady Cat – É muito engraçado, que até hoje quando as pessoas me veem em algum lugar, sempre comentam da saudade que estão do Rockerama. O que elas mais falam é sobre o fato de lá ter sido um ambiente família, bem decorado, com boa música e que você poderia ir qualquer dia que teria exatamente o que eles procuravam. Claro, todos sempre lembram muito também dos shows internacionais, para muitos foi uma oportunidade única de ver aquelas bandas que a tanto tempo ouviam e amavam.
Universo Retrô – Quando o assunto é música, quais suas principais referências?
Lady Cat – Além do rockabilly, gosto muito de R&B, Swing e Ska. Estou o tempo todo ouvindo música e buscando referências em diferentes vozes. Mas é sempre muito difícil para mim escolher algumas para citar… faria uma mistura com Wanda Jackson, Rose Madox, Joyce Green, Belfurius entre tantos, mas tantas outros.
Universo Retrô – E na moda, o que te inspira?
Lady Cat – Na moda estou sempre em busca de inspiração no Instagram, essa maravilha ajuda demais! Você encontra com tanta facilidade roupas vintage e pin-ups com visuais incríveis! Não tem como não se inspirar!
Universo Retrô – Recentemente você fez uma viagem à Europa, um lugar cheio de histórias, artigos vintage e por si só, um grande museu. Apesar de alguns aspectos coloniais do Brasil, para você, o que falta para o país ser “tão vintage”, quanto os países europeus?
Lady Cat – Bom, toda história do rock’ n roll e da cultura rocker, começou em 2 principais lugares: EUA e Inglaterra. O Brasil nunca terá a mesmo nível desses lugares que foram o berço de tudo em vários aspectos. Primeiro que lá é muito mais fácil encontrar roupas, acessórios e decorações vintage originais, depois que, principalmente na Inglaterra você encontra diversas famílias com 3 gerações indo para os eventos juntos, os mais velhos curtiram desde sua juventude, depois trouxeram os filhos e os netos.
Aqui no Brasil, as pessoas mais antigas podem ainda amar a música e muitos até voltaram a sair de vez em quando, mas toda aquela história de intrigas e tudo mais fez muita gente desistir da cena, enquanto lá não. Existe um forte ambiente familiar que une gerações!
Não digo que a Europa toda seja assim, a cena hoje está muito forte em alguns países por lá, como por exemplo, na Alemanha. Mas, em diversos países eles conseguem fazer excelentes weekenders, outra coisa que tentamos fazer aqui e nunca teve grande aderência. A cena no Brasil está cada vez melhor em questão de roupas, cabelos, produções, etc. Não acho que atualmente ficamos devendo muito para eles nesses quesitos.
Universo Retrô – O retrô está inserido na sua vida em diversos aspectos, mas como começou essa paixão? É possível se desprender de tudo isso?
Lady Cat – Minha paixão pelo retrô comecou com meu amor pela musica vintage. Da música, veio todo o resto. Minha aderência maior ao estilo de vida começou em meados de 2006 e depois só aumentou, ainda mais após o meu casamento com o Anderson, que é mais louco por tudo isso do que eu (risos).
Me desprender de tudo isso seria impossível, seria deixar de ser eu mesma, abrir mão das minhas paixões, das minhas motivações. Essa é não só a minha base, como algo que ajuda ainda mais a unir meu casamento e nossas vidas. Hoje, embora considere ter me afastado um pouco de todo envolvimento direto com a cena, quem eu sou, nao vai mudar (risos).
Para conhecer melhor a nossa bela do mês, só seguí-la no Instagram @lariladycat.
UNIVERSO RETRÔ NO SPOTIFY
Lembrando que o editorial também tem trilha sonora homônima. A playlist Tempestade Tropical é cheia de músicas vintage brasileiras, no melhor clima tropical do nosso país.
Aproveite para nos seguir por lá e ouvir nossas outras playlists ;-)
Excelente entrevista!
Parabéns à Larissa por ter sido tão empreendedora!
E atuando em diversos segmentos <3