Quando falamos em resgate do passado e em manter a memória viva, sempre nos preocupamos com a história da moda, a importância de grandes nomes da música ou debatemos sobre clássicos do cinema. Mas deixamos de lado um aspecto muito importante, que é a arquitetura das cidades, que tanto contribui para construir sua identidade historicamente.
Pensando nisso e considerando a influência histórica da maior metrópole do Brasil, decidimos produzir o editorial Memórias de São Paulo em parceria com o fotógrafo Rodrigo Fleury, que também é apaixonado pela história da cidade. Resolvemos destacar alguns pontos turísticos de São Paulo para falar da importância da sua preservação para manter viva a história da capital paulista.
Entre eles, está o Edifício Alexandre Mackenzie, também conhecido como Prédio da Light (companhia de energia elétrica que futuramente viria inspirar a música O Rock do Azarado, da banda Coke Luxe), onde hoje está localizado o Shopping Light. Atualmente é considerado um patrimônio histórico da cidade.
Iniciada na década de 1920 e ampliada no início dos anos 40, a construção fica entre a Rua Coronel Xavier de Toledo com o Viaduto do Chá, outro ponto marcante na história de São Paulo, pois trata-se do primeiro viaduto a ser construído na cidade no século XIX.
O viaduto recebeu esse nome, pois, quando foi construído, havia nas proximidades uma plantação de chá da Índia. Ele também tem sua importância histórica, pois liga a rua Direita, considerada o Centro Velho, com a rua do Chá, atual rua Barão de Itapetininga, já considerada Centro Novo.
Outro destaque vai para o Centro Cultural Banco do Brasil, que hoje é um dos espaços culturais mantidos pela instituição de mesmo nome. Localizado no centro histórico, entre a Rua da Quitanda e a Rua Álvares Penteado, o edifício hoje conhecido também como CCBB foi construído no início do século XX e adquirido pelo Banco do Brasil, em 1923, com o objetivo de ser uma agência bancária, a qual durou mais de 60 anos.
O primeiro prédio próprio do Banco do Brasil em SP foi reformado e restaurado, mantendo seus elementos originais, e tornou-se um centro cultural na capital paulista em 2001. Hoje conta com exposições, teatro, salas de cinema, entre outras atividades culturais, além de espaço para café em sua área externa.
Por fim, ainda marcamos o registro na Praça Antônio Prado, conhecida antigamente como Largo do Rosário, pois abrigava a antiga Igreja do Rosário dos Homens Pretos, onde agora também mantém o primeiro monumento em homenagem a Zumbi dos Palmares na capital paulista.
A Praça fica ao lado da Rua Quinze de Novembro e tem vista para o Edifício Martinelli. Inaugurado nos anos 1920, foi o primeiro edifício da cidade de São Paulo. Com 30 andares, durante as décadas de 30 e 40, o prédio foi considerado o maior arranha-céu do país e também da América Latina.
É lá também que está o último relógio público de Nichile, instalado em 1935 e tombado em 1992 por seu valor histórico. O relógio de 8 metros de altura, criado pelo publicitário Octavio de Nichile, foi o único que restou de seis, que serviam como espaços publicitários espalhados pela cidade. A propaganda ficava na estrutura do poste, que serve de apoio para o relógio.
A praça ainda dá acesso ao famoso prédio do Banespa e a Casa Mathilde, local para quem quer apreciar doces portugueses. É também composta por um antigo coreto, bancas de jornal e engraxataria, que mantém vivo o aspecto antigo da cidade.
Apesar dos esforços em manter esses espaços preservados, no dia a dia, passamos desapercebidos por essas construções e monumentos que carregam a história de São Paulo em suas estruturas. O charme do início do século XX tem se misturado com edificações modernas e se ofuscado pela correria da vida moderna. Passam imperceptíveis pelos nossos olhos e esquecidos em nossas memórias.
A moda dos anos 40 para lembrar da São Paulo Antiga
Para registrar todo esse aspecto histórico da cidade, optamos por valorizar esses ambientes nos inspirando na moda dos anos de 1940, ressaltando principalmente um figurino vintage que pode ser usado no inverno atual tranquilamente.
Mundialmente falando, a década de 40 passou um momento de tensão com a explosão da Segunda Guerra Mundial, que afetou toda a sociedade daquela época, principalmente no vestuário feminino. A escassez de produtos deixou a moda mais racionalizada e com um guarda-roupa mais versátil, refletindo no visual das mulheres.
Para representar esse período no cenário paulista, optamos por investir em calças. Ainda pouco exploradas pelas mulheres dos anos 40, as calças passaram a ser utilizadas quando elas começaram a enfrentar o mercado de trabalho, principalmente, em áreas fabris e também nos campos. Ao contrário das saias, a peça era utilitária e permitia maior flexibilidade e conformo nos movimentos.
Nesse período, as mulheres também passaram a usar mais lenços e turbantes, como proteção nos cabelos para evitar acidentes de trabalho. Então, investimos nesse acessório que também deixa a mulher mais elegante. No quesito beleza, o cuidado foi em investir em um delineado mais leve, batom mais alaranjado e bochechas mais rosadas, para dar o tom mais saudável à pele, o toque de beleza exigido na época.
O editorial contou com bolsas exclusivas da marca Juliana Lourenço, já conhecida por fazer peças com temática retrô e comercializá-las pela internet há mais de 10 anos. Juliana tomou todo cuidado em produzir bolsas com características que fossem fiéis à época, como a clutch, uma bolsa de mão muito usada na década e a bolsa com referências bicolor, como os sapatos oxford da década.
Como site Embaixador do Spotify, para entrar ainda mais no clima da cidade de São Paulo antigamente, fizemos uma playlist para nos ambientar essa viagem no tempo. Ouça abaixo:
Aproveita e também siga nosso perfil no Spotify. Só clicar no botão aí embaixo ;-)
Ficha Técnica
Editorial: Memórias de São Paulo
Produção e Beleza: Universo Retrô | Daise Alves e Mirella Fonzar
Figurinos: Acervo Pessoal
Fotografia: Rodrigo Fleury
Bolsas: Juliana Lourenço
Locação: Centro Histórico de São Paulo
Há tantas construções históricas,mas não damos atenção,por causa da correria do dia a dia e da violência,que estamos mais atentos aos assaltantes,do que na arquitetura dos prédios.