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Dona Ivone Lara: pioneira no samba-enredo feminino completaria seu centenário

18 de abril de 2022, por Leila Benedetti
Música
Dona Ivone Lara

Dona Ivone Lara teria completado 100 anos neste último dia 13. Sem dúvida, esse fato é muito lembrado e comemorado pelos seus fãs e músicos brasileiros, sobretudo os sambistas. A cantora e compositora carioca fez sucesso com seus sambas e, além disso, foi a primeira mulher da história a fazer parte desse ramo.

Aquela que compartilha o título de Rainha do Samba com Elza Soares nasceu em 1922 já convivendo com a música e o carnaval. Seus pais, em paralelo aos seus empregos, tinham um intenso contato com a arte. Seu pai era violonista de sete cordas e desfilava no Bloco dos Africanos, enquanto que sua mãe cantava nos tradicionais ranchos carnavalescos do Rio. 

Após perder seu pai com menos de três anos de idade e sua mãe aos 16, ela foi criada pelos tios. Estes também tinham um bom contato com a música e, com eles, ela não só aprendeu a tocar cavaquinho como a ouvir samba. Além disso, ela teve aulas de canto com Lucília Guimarães e chegou a ser elogiada pelo marido da professora, o maestro Heitor Villa-Lobos.

A jornada dupla de Dona Ivone Lara

Nos anos 40, Dona Ivone Lara começou sua carreira como sambista ao compor o samba Nasci para Sofrer, que se tornou o hino da escola Prazer da Serrinha. Logo depois, em 1947, ela passou a desfilar na ala das baianas da escola Império Serrano. Em 1965 nesta mesma escola, se tornou a primeira mulher da ala de compositores ao se consagrar com Os Cinco Bailes da História do Rio.

Em paralelo à sua carreira como sambista, Ivone também exerceu um papel importante na área da saúde mental. Aos 17 anos, ela entrou para faculdade de enfermagem na atual UNIRIO e se formou enfermeira. Logo depois, aos 21 anos, ela prestou concurso público para o Ministério da Saúde e, aos 25, passou a trabalhar no Instituto de Psiquiatria do bairro carioca Engenho de Dentro. Neste instituto, ela se especializou em terapia ocupacional e, ao lado da psiquiatra Nise da Silveira, contribuiu fortemente com a reforma psiquiátrica no Brasil nos anos 70. 

Atuando bravamente em prol de pacientes com doenças mentais, que eram institucionalizados e abandonados pela família na época, Ivone se formou em Serviço Social e se tornou uma das primeiras assistentes sociais do Brasil, assim como se tornou uma das primeiras mulheres negras a se formarem em um curso superior no país. 

A partir daí, sua função era a viajar pelas cidades do Rio de Janeiro e de estados vizinhos a fim de encontrar as famílias dos internos e apresentar uma visão diferente e humanizada dos duros diagnósticos estabelecidos a essas pessoas. Além disso, ela levou a terapia musical por meio de oficinas e eventos de socialização que aproximava os pacientes de seus familiares. Estes projetos deram origem ao bloco de carnaval Loucura Suburbana, que existe até hoje. 

Ivone se aposentou da área de enfermagem e assistência social em 1977, se dedicando inteiramente à sua carreira como sambista até 2018, ano em que morreu aos 96 anos por insuficiência cardiorrespiratória.  

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