Neste sábado, 10 de outubro, faz 30 anos que o mundo se despedia do ator da Broadway e de Hollywood, o radialista e cineasta Orson Welles. Sua produção cinematográfica mais famosa foi Cidadão Kane (1941), considerado, pela crítica especializada, como o maior filme da história, até o momento, figurando em primeiro lugar na lista do American Film Institute (AFI).
George Orson Welles nasceu em Kenosha, Wisconsin, nos Estados Unidos, em 6 de maio de 1915. O segundo filho de Richard Welles, um inventor, e Beatrice Ives, uma pianista. A família mudou-se para Chicago, Illinois, quando Welles tinha quatro anos, e dois anos mais tarde seus pais se separaram. Orson foi morar com a mãe e, consequentemente, se envolveu com seu estilo de vida artística.
Após a morte dela quando ele tinha em torno dos nove anos, seu pai continuou com a tarefa de educá-lo. Em 1928, com a morte do seu pai Welles, ficou sendo cuidado por Maurice Bernstein, um médico que influenciou muito na sua vida. Nesse momento foi matriculado na Escola Todd em Woodstock, Illinois. Lá, Orson foi introduzido ao teatro e aprendeu muito sobre produção e direção.
Sua educação formal terminou em 1931. Nesse mesmo ano, com dezesseis de idade passou rapidamente pela Irlanda onde se apresentou no teatro fazendo um pequeno papel em Jew Suss, que levou elogio do The New York Times. Quando voltou para Chicago, ensinou drama na Escola Todd e editou quatro volumes das peças de William Shakespeare. Fez sua estreia com Romeu e Julieta na Broadway ao lado de Katharine Cornell em dezembro de 1934.
No ano seguinte, ele e John Houseman uniram forças para colocar em andamento uma unidade do Federal Theatre Project, um importante programa social de projetos de artes. O objetivo era de estimular a recuperação econômica durante os anos 30, fornecendo assim trabalho para o teatro popular com produções de qualidade para os americanos a preços acessíveis.
O Teatro Mercury
Depois do Projeto Federal Theatre Welles fundou a companhia de Teatro Mercury, na qual obteve vários sucessos, incluindo, Julius Caesar (Welles como Brutus, em trajes modernos), The Shoemaker’s Holiday (versão reescrita por Welles) e Heartbreak House (Welles como um idoso).
O Mercury Theatre on the Air, foi um programa de rádio pela CBS no qual aconteceu um fato curioso e histórico em 30 de outubro de 1938. A transmissão de uma adaptação da obra de ficção científica Guerra dos Mundos do inglês Hebert George Wells. Essa versão de Orson Welles foi atualizada para o presente e transformada para um formato de noticiário, a chegada de centenas de marcianos a bordo de naves extraterrestres à cidade de Grover’s Mill em Nova Jersey.
A locução também foi feita por Welles e aterrorizou ouvintes acreditando realmente que os marcianos estavam invadindo a Terra. Alguns relatos da época informaram que as reações foram telefonemas desesperados para a polícia, grupos armados saindo pela noite, pessoas cobrindo as janelas. O pânico no rádio da invasão alienígena de Orson Welles, segundo cientistas de comunicação, é o programa que mais marcou a História da mídia no Século XX.
Perguntado pela confusão, Welles disse que era uma brincadeira por ser véspera de Halloween e que isso tinha sido mencionado no começo da transmissão, mas nem todos estavam ouvindo desde o inicio. O feito garantiu ao Mercury Theater um patrocinador, as sopas Campbell, assegurou a Welles o contrato com a RKO que o levou a dirigir Cidadão Kane.
Cidadão Kane
Cidadão Kane, o primeiro longa dirigido por Welles, foi filmado em 1939 e lançado em 1941. Além de dirigir, ele produziu, roteirizou, e também desempenhou o papel principal. Personagem principal, Charles Foster Kane (Orson Welles) nasce em uma família humilde, mas fica rico por causa de uma mina de ouro herdada pela mãe. Quando jovem, ergue uma empresa jornalística, porém, não satisfeito, está sempre na busca de conseguir mais poder. No entanto, a história é centrada em um grupo de jornalistas, tentando descobrir o mistério da última palavra proferida por Kane em seu leito de morte, “Rosebud”.
O filme é aparentemente baseado na vida do magnata da imprensa William Randolph Hearst que fez de tudo para impedir a produção. Orson Welles negou publicamente qualquer semelhança. A fotografia é um dos principais atrativos. Gregg Toland fez com que a técnica de profundidade de campo em que o primeiro plano, o central e o último ficassem em foco ao mesmo tempo, permitindo que o espectador se fixe em qualquer parte da imagem. Ele foi contra as regras da fotografia de Hollywood na época, no qual a melhor deveria ser invisível.
O filme é importante na indústria cinematográfica, com 100 % de aprovação no Rotten Tomatoes. Ficou em primeiro lugar durante 50 anos como o melhor filme de todos os tempos, na lista feita pelos críticos da revista britânica Sight and Sound. Ganhou prêmios de Melhor Filme do New York Film Critics Circle e do National Boad of Review, e conquistou também o Oscar de Melhor Roteiro.
Orson Welles dirigiu outros filmes que merecem destaque, entre eles estão Soberba (1942), A Dama de Xangai (1946), Othello (1952), A Marca da Maldade (1958) e O Processo (1962). Ator com uma voz marcante, apareceu em mais de quarenta e cinco filmes e ganhou destaque atuando em O Terceiro Homem, um filme noir britânico de 1949.
Casou três vezes e teve filhos com cada mulher; Virginia Nicholson (Christopher), Rita Hayworth (Rebecca), e a viúva Paola Mori (Beatrice). Em 1975, foi homenageado pelo Lifetime Achievement Award do American Film Institute. Seus outros prêmios incluem um Peabody Award de 1958 por um piloto de TV.
Welles morreu de um ataque cardíaco em 10 de outubro de 1985. Era ousado, desacatava as regras, sempre que fosse válido. Tinha personalidade forte e, para muitos, parecia que não pensava, apenas concretizava. Gostava de improvisar. Apesar de ter sido egocêntrico, muitas vezes, foi brilhante. Continuará sendo inesquecível.