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Mod no Brasil: como se manter na subcultura em um país que não a compreende

14 de novembro de 2022, por Leila Benedetti
Lifestyle
Mods no Brasil

Hoje o retrô voltou com tudo. Mas, aqui no Brasil, quando tocamos neste assunto logo associamos com os anos 50 (que muitas vezes é confundido com os 60), 80 e 90. Então, como fica o mod que vive neste país tropical? Este pequeno grupo é tão esquecido por aqui que o Ira! até fez um desabafo em forma de música

Em comparação aos rockabillys e pin-ups, os mods brasileiros têm uma dificuldade maior para encontrar lojas ou pontos de encontro específicos da subcultura. Enquanto os adeptos do rock’n’ roll dos anos 50 abastecem seus guarda-roupas com peças de slow-fashion online ou garimpam facilmente as lojas de departamento, além de encontrarem bares e lanchonetes temáticos pelos quatro cantos de São Paulo, o outro grupo se vê na necessidade de comprar suas coisas em lojas fora do Brasil, pesando mais para a conta bancária. 

Sim, por razões históricas, o mod é mais reconhecido na Europa e, logo, tem mais acesso a coisas do tipo. Mas, apesar de tudo, é possível sim se manter na subcultura aqui no Brasil sem precisar gastar tanto. Para facilitar, nós do UR vamos dar algumas dicas, assim como fizemos para os amantes dos anos 50 um tempo atrás. Confira: 

Como ser Mod no Brasil, que não compreende a subcultura

Roupas

Uma das características dos Mods é a preocupação com o que está vestindo. Eles são fascinados por moda, mas, diferente de outras pessoas e ao contrário dos originais dos anos 60, eles não se atentam com as tendências do momento e sim com o que era tendência na época da Swinging Sixties

Algumas peças podem ser encontradas em qualquer loja de departamento no Brasil e com preços acessíveis, como as blusas turtleneck, por exemplo, já outras só podem ser encontradas em brechós. Há brechós e brechós neste país, mas alguns são voltados para o público alternativo e estes, que normalmente estão no Instagram, de alguma forma, conseguem garimpar e revender peças mod originais dos anos 60 ou releituras, tudo em ótimo estado e a um preço bem amigo. 

E mais uma dica de moda, que, aliás, é a mesma para quem adota o estilo retrô no geral – você também pode recorrer a uma costureira de confiança (tanto para fazer uma peça, como para ajustar aquela maravilhosa que comprou no brechó) ou até mesmo fazer suas próprias roupas. Em um país onde a slow-fashion retrô brasileira é focada apenas nos looks dos anos 40 e 50, quem sabe você não seja a primeira pessoa a criar uma marca mod brasileira? 

Modettes
(Parte de uma matéria publicada em uma edição de 1966 da revista britânica Rave. | Foto: Reprodução/Rave Magazine)

Acessórios

Esses já são mais fáceis de encontrar, assim como mais acessíveis, por aqui. Muitas bijuterias possuem aquele design colorido e moderno típico dos anos 60 e vendido em várias lojas do ramo e de preços variados, até mesmo nas feirinhas de artesanato que encontramos em, praticamente, todas as cidades do Brasil. Isso porque esse estilo nunca saiu de moda quando se trata de acessórios, e o mesmo vale para os lenços de cabelo, nos quais muitos são estampados com figuras geométricas/abstratas e a famosa estampa paisley.

Entretanto, o que temos que dar maior atenção são os sapatos e óculos. As botas femininas podem ser facilmente encontradas em lojas convencionais durante a temporada de outono/inverno, independente do tamanho do cano. Inclusive, as modettes podem se sentir ainda mais realizadas agora que as botas brancas voltaram a ser tendência. Mas, quanto as masculinas, essas os rapazes tem que garimpar nos brechós, visto que nas lojas comuns só encontram sapatos sociais (que também é mod), tênis esportivos e sapatênis.

Acessórios
(Óculos são fáceis de encontrar para os mods, mas as modettes terão que recorrer a lojas alternativas. | Foto: Reprodução)

Já os óculos, tanto os de sol como os de grau, para os mods é fácil, pois as armações pretas e quadradas, do tipo em que Dereck Leckenby, guitarrista dos Herman’s Hermits, usava, são encontradas aos montes nas maiores óticas do país. Mas as modettes tem que recorrer as lojas alternativas pelo fato das armações femininas serem mais trabalhadas.

Uma dica para as moças – muitas marcas alternativas são caras, mas estas compram armações por atacado em um mesmo lugar para revender. Você babou naquele óculos Koko que você viu na vitrine ou post de uma certa loja, que cobra caro apenas por estar no segmento alternativo. Mas, se pesquisar mais, verá a mesma armação à venda nessas e-commerces de varejo, que vende absolutamente de tudo, do mais convencional até o mais alternativo.

Cabelo 

Mods usam aquele corte típico dos Beatles ou algo mais curto, mas também feito com navalha, as modettes usam franja, independente do tamanho do cabelo. Não é uma regra, mas é algo muito comum de se ver na subcultura.

Se você tem medo do salão convencional, que pode não entender muito bem o que você quer ou julgar que “está fora de moda” e fazer algo que é “tendência” e bem diferente do que pediu, sugerimos os salões alternativos, que teve seu boom recentemente e agora estão espalhados pelas grandes cidades. Eles vão te entender só por serem…alternativos. 

Mas se esses salões estão longe de você e você é corajoso o suficiente, aprender a cortar seu próprio cabelo é uma boa escolha, principalmente quando se trata da franja, algo muito fácil de cortar e manter. A não ser que você já esteja fazendo um curso de cabeleireiro, há vários tutoriais de graça no Youtube, garantindo assim o corte que você quer exatamente e sem pagar nada por isso. 

Irmãos Gallagher
(os irmãos Noel e Liam Gallagher, do Oasis, e seus cabelos mod. | Foto: Reprodução)

Rolês 

O mod é tão incompreendido por aqui que, quando pesquisamos sobre eventos da subcultura no país, caímos em sites de jogos de videogame, que oferecem alguns arquivos que modificam a jogabilidade de um game para download. Nada a ver com o grupo originado dos anos 60. 

As festas do tipo são muito difíceis de encontrar por aqui. Até onde a redatora sabe (aceitamos indicações nos comentários), o famoso Mods Mayday, que acontece anualmente no Reino Unido, teve apenas uma edição em São Paulo no ano de 2017, e frequentemente acontece o UltraSixtie Party, na mesma cidade, basta ficar atento com a programação no Instagram da festa. 

Mas shows tem aos montes, pois as bandas mod nacionais sobrevivem bem por aqui. Tem Ira!, Relespública, Cachorro Grande, entre outros, além de que nomes internacionais famosos costumam incluir o Brasil em suas turnês também. É preciso ficar de olho na agenda desses artistas. 

rolê mod
(Há pouquíssimas festas mod aqui no Brasil, mas, em compensação, temos muitos shows de bandas do gênero. | Foto: Reprodução)

E você? Além das dicas acima, o que mais você faz para se manter na subcultura Mod no Brasil? Comente.

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