Os artistas negros foram muito importantes para o surgimento do rock’n’roll nos anos 50, mas esse crédito todo para os brancos. Foi só uma década depois que o negro teve seu espaço na extensa indústria musical graças à Motown Records, e ainda lançou um gênero musical que acabou se tornando tão popular e revolucionário quanto o rock – a soul music.
A gravadora foi pioneira em muita coisa, assim como abriu muitas portas, tanto para artistas hoje consagrados quanto para ritmos mais recentes, e ainda deu uma aula de representatividade para a sociedade americana.
A história da Motown Records
Início
Também conhecida como Tamla-Motown, a Motown Records foi fundada em 1959 pelo produtor musical Berry Gordy Jr. na cidade de Detroit, que, aliás, era conhecida como Motors Town, por ser a localização de várias montadoras de veículos. Mas foi só nos anos 60 que a gravadora começou a fazer sucesso por conta da criação do soul, que se tornou seu gênero característico e foi popularmente apelidado como O Som da Motown.
Entre os anos de 1962 e 1971, a Motown alcançou 240 hits no top 40 das paradas norte-americanas e foi o ponto de partida para nomes como Marvin Gaye, Stevie Wonder, Diana Ross e Michael Jackson, sendo estes dois últimos integrando grupos na época, os Jackson Five e The Supremes, respectivamente.
Seu esquema “linha de produção”
A gravadora funcionava como uma linha de produção – havia times de compositores, como o trio Holland – Dozier – Holland, que era formado por Lamont Dozier e os irmãos Brian e Edwin Holland Jr., uma banda de estúdio chamada Funk Brothers e uma equipe que preparavam os cantores iniciantes com cursos de dicção, canto e dança, além de orientá-los quanto às performances e vesti-los de forma impecável para as aparições na televisão.
Segundo Gordy, o conceito aplicado por ele mesmo para a gravadora foi inspirado no que ele aprendeu enquanto trabalhava na linha de produção da montadora Lincoln-Mercury, chegando até a promover reuniões semanais de “controle de qualidade” com os produtores.
Embora fosse vista por muitos como uma gravadora puramente comercial e seu fundador um antipolítico devido ao seu sistema de produção, o sucesso nas paradas e músicas de melodias fáceis com letras sem comprometimento social ou político sendo lançadas em plena época em que se lutava contra a segregação racial, a Motown Records revolucionou o comportamento dos americanos e se envolvia em questões políticas, mesmo que involuntariamente, como em 1964, quando Dancing in the Streets, de Martha and The Vandellas se tornou um hino pelos direitos civis dos negros.
Mudanças
Já nos anos 70 a gravadora mudou de Detroit para Los Angeles e continuou a fazer sucesso com os hits dos Jackson Five, da carreira solo de Diana Ross e com os lançamentos dos álbuns Whats Goin’ On, de Marvin Gaye, e The Talkbook, de Stevie Wonder. Mas, essa mudança fez a gravadora perder sua personalidade, seu som característico que era o soul, e passou a lançar músicas funk e disco music. Nos anos 80, Berry Gordy vendeu a Motown Records para a gravadora MCA e, nos anos 90, a mesma se tornou propriedade da Universal Music.
A Motown Records voltou a ser lembrada a partir dos anos 2000. Em 2005, a Universal fundou o selo Motown Universal Music Group, que mantinha os contratos de Stevie Wonder, Diana Ross, Smokey Robinson e os Temptations e ainda lançava artistas como Erykah Badu, o rapper Q-Tip e até mesmo artistas brancos como a cantora pop e atriz Lindsay Lohan. Além disso, a gravadora virou referência para lançarem o filme Dreamgirls em 2006 e foi homenageada com um musical da Broadway que retrata o auge de sua história em 2014.