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Mulheres dos anos 80: 10 nomes que marcaram a “década perdida”

6 de abril de 2022, por Leila Benedetti
Lifestyle
Mulheres dos anos 80

Muita coisa aconteceu na década de 80. Entre elas, a revolução tecnológica com a chegada dos computadores domésticos PC e Mac, assim como suas primeiras interfaces gráficas, o desenvolvimento do CD, walkmans e videocassetes, a descoberta da AIDS e o fim da ditadura militar aqui no Brasil, que foi comemorado pela primeira vez publicamente em um show do primeiro Rock in Rio. Claro que, graças ao empoderamento feminino dos anos 70, muitas mulheres entraram para a história dos anos 80

Confira as mulheres que marcaram os anos 80

1 – Maria da Penha

Em 1983, a farmacêutica Maria da Penha sofreu duas tentativas de feminicídio por parte de seu então marido. Uma foi um tiro nas costas enquanto ela dormia, que a deixou paraplégica, e outra, foi uma tentativa de eletrocução durante o banho. O caso foi parar na mídia e teve grande repercussão nacional e, mais tarde, internacional, porém ela não teve a justiça que merecia. 

Maria passou décadas lutando não só pela justiça sobre o caso, como também em prol do combate da violência doméstica no país, que até hoje é sofrida por milhares de mulheres e pessoas vulneráveis. Ela só teve a sua vitória em 2006, quando a lei Maria da Penha foi sancionada e, até agora, sem sofrer nenhum retrocesso. Hoje, Maria da Penha trabalha ao lado de movimentos feministas e instituições governamentais para proteger a lei que leva o seu nome. 

Maria da Penha
(Maria da Penha quando jovem. | Foto: Reprodução)

2 – Princesa Diana

Apesar de vir de uma família da aristocracia britânica e ser descendente da dinastia Stuart,  Diana optou por uma vida comum em Londres. Ela chegou a trabalhar como professora de balé, professora infantil e, inclusive, faxineira. Isso foi até se casar com o Príncipe Charles em 1981, que a tornou princesa do Reino Unido. O casamento deles era visto pela mídia e público como “conto de fadas”, mas o casal vivia sempre em crise até se divorciarem em 1996. 

Ela foi uma das personalidades que mostrou que a família real britânica é como qualquer outra, composta por seres humanos com conflitos e defeitos. Apesar de carismática e ligada ao trabalho filantrópico, principalmente na causa da AIDS, ela lutava contra a bulimia e depressão e vivenciava vários casos extraconjugais. Diana morreu em um acidente de carro em 1997, causando um choque no público e na mídia.

Princesa Diana
(Apesar de vir de uma família aristocrata britânica, a princesa procurava ter uma vida comum antes de se casar com Príncipe Charles. | Foto: Tim Graham Photo Library/Getty Images)

3 – Madonna 

Considerada a “Rainha do Pop”, Madonna revolucionou o gênero musical com canções que falavam sobre questões políticas, sociais, sexuais e religiosas, que até então era algo comum no rock. Ainda, já com uma extensa discografia que vendeu milhões de cópias, ela também entrou para o cinema, empreendedorismo, moda, livros infantis e clubes de saúde, sem contar sua atuação em várias instituições de caridade. 

Com tudo o que ela fez e conquistou, Madonna também entrou para o Guiness Book como a “artista feminina mais bem sucedida de todos os tempos” e foi considerada pela Recording Industry Association of America a “terceira cantora com mais gravações certificadas nos Estados Unidos”. Ao longo de seus 40 anos de carreira, ela está sempre se reinventando e mantendo o público jovem como seu alvo. 

Madonna
(A cantora revolucionou o gênero pop. | Foto: Reprodução)

4 – Anna Walentynowicz

A ativista polonesa Anna Walentynowicz lutava pelos direitos trabalhistas da cidade de Gdansk, na Polônia, onde trabalhava em uma fazenda desde os anos 50, sendo uma das fundadoras dos Sindicatos Livres em 1978. Devido a suas atividades ela era perseguida pelo Serviço de Segurança e sempre era detida por 48 horas, revistada e ameaçada de perder o emprego. 

Em 1980 e poucos meses antes de alcançar a idade de aposentadoria, Anna foi demitida do trabalho. Isso gerou uma revolta entre seus colegas, que iniciaram uma greve que, entre as exigências dos manifestantes, estava o retorno da senhora a seu cargo. Esta greve, que teve início no local de trabalho, virou um protesto nacional, que levou à criação do Sindicato da Solidariedade. Depois disso, ainda na década de 80, Anna foi presa por planejar greves e participar de uma homenagem aos mineiros mortos na mina de Wujek. Ela morreu em 2010, vítima da queda do avião presidencial T-154M.    

Anna Walentynowicz
(A ativista polonesa lutou em prol dos direitos trabalhistas de seu país. | Foto: Stanislaw Skladanowski/KFP)

5 – Nawal El-Saadawi

Ativista pela causa feminista desde jovem, a psiquiatra egípcia Nawal El-Saadawi foi a primeira a denunciar a mutilação genital feminina e mais uma série de violações dos direitos das mulheres pelo mundo. Ela chegou a ser detida pelas autoridades egípcias por diversas vezes e até mesmo ser demitida de um alto cargo no ministério da Saúde nos anos 70, quando um de seus livros, Mulheres e Sexo, reapareceu no país depois de ser proibido pelo governo por vinte anos. 

Em 1981, a ativista foi presa por três meses após criticar o então presidente egípcio Anwar Sadat. Na cela, ela escreveu o livro Memórias da Prisão com papel higiênico e lápis de olho e publicou dois anos após ser libertada. Ainda, ela passou pelo exílio nos EUA nos anos 90 e por ameaças de morte durante a ditadura de Hosni Mubarak.  

Nawal El-Saadawi
(Ela foi a primeira mulher a denunciar a mutilação genital feminina e mais uma série de violações contra a mulher pelo mundo. | Foto: Reprodução)

6 – Françoise Barré-Sinoussi

A virologista francesa Françoise Barré-Sinoussi foi quem descobriu o vírus causador da AIDS. Foi um processo difícil de início, pois, na época, a França só tinha 50 casos confirmados da doença, o que não deixava claro se o vírus era devastador ou não, e ainda era associado aos homossexuais, que sofriam um preconceito maior por parte da sociedade. 

Mas, mesmo com a dificuldade inicial, não demorou muito para perceberem o impacto que a doença causaria na humanidade. E os esforços da cientista em combater a AIDS continua, desde a descoberta do vírus, ela vem trabalhando para melhorar as condições de prevenção, cuidados e tratamento da doença nos países em desenvolvimento, além de para encontrar sua cura. 

Françoise Barré Sinoussi
(A virologista francesa foi a responsável por descobrir o vírus causador da AIDS. | Foto: Divulgação/Institut Pasteur)

7 – Bell Hooks

A intelectual americana Bell Hooks foi autora de mais de 30 livros desde os anos 80. Por meio de uma linguagem acessível e simplista, ela discutia questões sobre raça, gênero, classe e relações sociais opressivas, enfatizando temas como arte, história, feminismo, educação e mídia de massas. Além disso, ela também publicava livros de crítica cultural, teorias, memórias, poesias e infantis. 

Entre seus prêmios está o The American Book Award, um dos literários de maior prestígio dos EUA, e, entre suas maiores influências estavam Martin Luther King, Malcom X e Eric Fomm, além de teorias de educação defendidas pelo brasileiro Paulo Freire. Seu primeiro livro, publicado em 1981, é Ain’t I a Woman (Eu Não sou uma Mulher), enquanto que o seu último é Feminism Is for Everybody – Passionate Politics (O Feminismo é para Todo Mundo – Políticas Arrebatadoras). Bell Hooks morreu em 2021, aos 69 anos, vítima de insuficiência renal relacionada com uma doença não revelada. 

Bell Hooks
(A intelectual Bell Hooks abordava questões raciais, de gênero e de classe com uma linguagem simplista em suas obras. | Foto: Divulgação)

8 – Wilma Mankiller

Assim como Bell, que defendia o direito dos negros, Wilma Mankiller era uma ativista indígena-americana (também chamada de americana nativa) defensora dos direitos da nação Cherokee, a qual pertencia. Em 1983, ela entrou para a política ganhando uma eleição como Chefe Adjunto da Nação e, em 1985, foi Chefe Principal interina, pois o próprio renunciou o cargo para assumir um federal. Já em 1987, seu cargo temporário virou oficial, o que a tornou a primeira mulher a ocupar este posto. 

Como Chefe, ela supervisionou os programas de bem-estar social e os interesses comerciais tribais, além de servir como líder cultural. Ainda, ela foi nomeada a Mulher do Ano pela Ms. Magazine naquele mesmo ano. Wilma permaneceu neste cargo até 1995, incluindo sua reeleição em 1991, e faleceu em 2010, vítima de câncer pancreático. 

Wilma Mankiller
(Wilma Mankiller foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Chefe Principal da nação Cherokee. | Foto: Reprodução)

9 – Corazón Aquino

A filipina Corazón Aquino tomou a posse da presidência da república de seu país no dia 25 de fevereiro de 1986, mesma data em que ela e seu movimento derrubou a ditadura de Ferdinando Marcos, que estava em voga desde 1965. Além de ter se tornado a primeira mulher a ocupar a chefia de estado de um país asiático, ela também foi considerada uma heroína e chegou a ser indicada para o Prêmio Nobel da Paz naquele mesmo ano. Como nem tudo são flores, ainda mais para uma mulher em meio ao cenário político, ela sofreu várias tentativas de golpes durante o seu mandato. 

Após deixar a presidência em 1992, ela se manteve ativa em organizações da sociedade civil e integrou em protestos contra a então presidente Gloria Macapagal-Arroyo, cuja família estava envolvida em escândalos por corrupção. Corazón Aquino morreu em 2008, vítima de insuficiência cardíaca decorrente de um câncer no intestino. 

Corazón Aquino
(Corazón foi a primeira mulher a virar presidente nas Filipinas. | Foto: Reprodução)

10 – Florence Griffith-Joyner

A atleta norte-americana Florence Griffith-Joyner era especialista em provas de velocidade e conquistou várias medalhas olímpicas, além de bater os recordes dos 100 metros e 200 metros rasos, que se mantém até hoje. Ela ainda participou nos primeiros Campeonatos Mundiais de Atletismo em 1983, onde ficou em quarto lugar na corrida dos 200 metros, e nos Jogos Olímpicos de 1984, chamando a atenção do público e da imprensa pela sua medalha de prata na mesma modalidade e pelas suas unhas grandes e coloridas, que se tornaram sua marca registrada. 

Em 1988, ela se retirou das competições oficiais. Sua morte prematura em 1998 gerou controvérsias, a causa foi asfixia acidental na almofada durante um ataque de epilepsia, na qual a família disse depois que ela sofria desde 1990. Mas surgiram suspeitas de que havia uso de dopagens durante a carreira da atleta, já que seus títulos e desempenho eram surreais e foram alcançados em um curto período de tempo, entre 1987 e 1988. Outra suspeita foi sua saída repentina nos jogos, visto que os testes antidoping passaram a virar rotina em 1989. 

Florence Griffith-Joyner
(Florence era recordista nas provas de velocidade e participou dos primeiros Campeonatos Mundiais de Atletismo em 83 e das Olimpíadas de 84. | Foto: Getty Images)

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