Star Trek faz parte do imaginário e do coração das pessoas há 50 anos, seja no cinema ou na TV, o primeiro episódio da séria clássica foi ao ar 1966. O novo filme, Star Trek: Sem Fronteiras estreou nesta quinta-feira (2), dirigido por Justin Lin (Velozes & Furiosos), sendo este seu primeiro trabalho na série desde que substituiu o diretor, que permaneceu como produtor do projeto. Star Trek: Sem Fronteiras é o 13º no universo da franquia, porém o 3º desde uma espécie de reboot da história feito em 2009.
O roteiro entregue à Doug Jung, que dividiu a tarefa com Simon Pegg (Todo Mundo Quase Morto), um cara que é uma verdadeira enciclopédia nerd, além de ser trekker assumido e interpretar o engenheiro da Enterprise, Scotty. A escolha contribuiu para dar leveza aos acontecimentos do filme, trazer uma proximidade com a saga original e ainda ter sua própria identidade.
A história explora principalmente o relacionamento entre os personagens, começando por mostrar o dia a dia das pessoas dentro na nave, até ocorrer a separação em 3 núcleos e nossos heróis precisam trabalhar em conjunto para se encontrar e conseguir sair da situação péssima em que se encontram. A interação de duplas como Spock (Zachary Quinto) e Bones (Karl Uban), por exemplo, são um ponto forte do roteiro e mostram ao público um lado mais profundo da personalidade deles.
Outro destaque é Jaylah (Sofia Boutella) que entrega uma personagem feminina forte inteligente e que aprende rápido, apesar de não compreender muito bem a interação humana. Idris Alba (Thor), como Krall, entrega um vilão profundo e com uma motivação forte, apesar de clichê, optar pela maquiagem ao invés do CGI ajudou a manter o clima nostálgico e a essência do que esteve presente durante o filme inteiro.
Chris Pine (Quero Matar Meu Chefe 2) e Zachary Quinto parecem ter saído das sombras de William Shatner e Leonard Nimoy. Os dois se livraram do medo de decepcionar os fãs mais radicais e encontraram o próprio caminho para interpretar James T Kirk e o Sr Spock, dando seu toque aos personagens e ainda assim reverenciando os interpretes originais. A única que acabou com uma participação menor do que nos filmes anteriores foi Zoë Saldaña (Guardiões da Galáxia), a tenente Uhura acabou exercendo o papel de donzela a ser resgatada.
Duas coisas chamam a atenção se falarmos de representatividade dentro do universo de Star Trek, que ficou conhecido também como o primeiro programa de TV a mostrar um beijo entre um homem branco e uma mulher negra em 1968. A 1ª é de que vemos a família Hikaru Sulu (John Cho) e descobrimos que ele é homossexual! Essa parte da vida do oficial é mostrada com uma delicadeza impressionante, a 2ª é o fato de que a frase “Onde nenhum homem chegou antes” foi substituída por “Onde ninguém chegou antes”, pode parecer pouco, mas mostra o quanto as coisas estão mudando aos poucos, mesmo que não esteja acontecendo no ritmo que queremos.
Podemos dizer que a palavra que define o filme é homenagem! O elenco perdeu no início do ano passado Leonard Nimoy, que havia feito participações nos dois filmes anteriores, e a maneira que os roteiristas escolheram para demonstrar a importância do ator para a franquia foi bonita e se encaixou perfeitamente com a história. Outra perca para o elenco foi Anton Yelchin (A Hora do Espanto) que vivia o russo Checov, infelizmente ele morreu em um acidente em junho deste ano, ele também foi lembrado de forma tocante pelos atores. Star Ter: Sem Fronteiras abre caminho para uma nova série de TV que estreia no início de 2017 e com certeza a fronteira final está mais acessível, reverente e contemporânea do que nunca.