Recentemente, a marca de cosméticos Sailor Jack convidou o Universo Retrô para um ensaio fotográfico na Barbearia do Vavá, em Jundiaí, São Paulo. Produzido pela agência Casa de Criatividade, a ideia inicial do editorial era reunir algumas Pin-Ups para apresentar as novas embalagens dos produtos da marca retrô, como pomadas, shampoos e óleos para barba. No entanto, o projeto acabou se estendendo e ganhando também outras abordagens.
Além das fotos institucionais, que podem ser conferidas na página da Sailor Jack no Facebook, aproveitamos a ocasião para ressaltar a importância da união feminina na cena vintage, um tema que há tempos gostaríamos de abordar por aqui e tem tudo a ver com as imagens a seguir. Assim, pelas lentes do fotógrafo Pablo Zanella, nasceu o editorial Wild Women (inspirado na música de Imelda May), no qual quatro mulheres que se conheceram dentro do movimento rocker mostram a importância da sororidade numa cena massivamente masculina e, por vezes, competitiva entre as garotas.
Com participação do barbeiro João Paulo Dutra, Miss Daisy (Daise Alves), Red Maddox (Dayane Nunciatelli), Miss De-Lovely (Mirella Fonzar) e Miss Belle (Isabela Mantovani) encarnam uma gang de garotas dos anos 1950, munidas de armas brancas, como tacos de baseball, navalhas, tesouras e afins, em defesa do grupo de amigas, mostrando que o sexo feminino de frágil não tem nada. O figurino conta com saias-lápis (tradicionais, com fenda e sereias) e ressalta as curvas de cada uma delas, que apostam em peças em tons de vermelho, vinho, preto e animal print.
Nas fotos é possível notar a atitude e força das rockers do passado se misturando sutilmente à graça e feminilidade das Pin-ups modernas, que carregam a bandeira do empoderamento feminino estampada no estilo que escolheram para si. Por mais que as Pin-ups não estejam diretamente ligadas ao feminismo, o simples fato de aderirmos a um estilo que vai contra os padrões estabelecidos pela sociedade, por si só, já é uma forma de empoderar-se. E isso nada tem a ver com política de um lado ou de outro. Tem a ver com ser mulher e buscar seu espaço na sociedade.
É por isso que acreditamos na importância de abordar o tema sororidade entre as Pin-Ups/Rockers. Para quem não está familiarizada com o termo, a origem da palavra vem do latim “sóror”, que significa irmãs. Digamos que é a aliança entre as mulheres, baseada na empatia e no companheirismo, em busca de objetivos em comum. Portanto já que todas nós compartilhamos dos mesmos gostos pela moda, música e estilo de vida do passado, por quê não nos unirmos para fortalecer ainda mais a cena vintage feminina?
O conceito de sororidade consiste no não julgamento prévio entre as próprias mulheres que, na maioria das vezes, sem mesmo perceberem, ajudam a fortalecer estereótipos criados por uma sociedade machista e patriarcal. Sem a ideia de “irmandade” entre nós, a presença feminina no movimento rocker/retrô pode começar a perder força, quando, na realidade, poderia ganhar proporções significativas e ainda mais espaço e visibilidade.
Imagine que incrível seria se todas as mulheres da cena realmente abraçassem essa união, compartilhando ideias, conhecimentos e aplaudissem umas às outras, ao invés de julgar ou criticar uma iniciativa bacana, por exemplo? A partir do momento que reconhecemos e respeitamos as diferenças entre as mulheres, se torna super possível ter uma convivência harmoniosa no ambiente que for, inclusive, em qualquer tribo. Definitivamente, é muito mais fácil garantir respeito e igualdade de gêneros quando há união em busca dos mesmos propósitos.
Não gostou da roupa que a amiguinha usou? Isso não é motivo para que ela se torne sua inimiga mortal. A coleguinha não sabe fazer o delineado gatinho como você faz? Compartilhe seus conhecimentos de maquiagem; não dói. Surgiu uma banda de rockabilly só de garotas? Vá ao show antes de criticar sem mesmo ouvir. Dê uma chance a iniciativas tomadas por mulheres. Resumindo: sororidade começa quando a gente pratica a tolerância, o respeito e principalmente a empatia. A irmandade é consequência. Mas, pode ter certeza que ela nasce naturalmente depois disso.
Um pouco sobre cada uma dessas poderosas mulheres:
Miss Daisy (Daise Alves)
Publicitária, Daise Alves é criadora do portal Universo Retrô, da agência Casa de Criatividade e do blog MenteFlutuante Retrô. Apaixonada também por música, literatura, cinema e fotografia, gosta de viajar e conhecer o mundo com seus próprios olhos. Admira o retrô como o resgate de algo valioso que foi perdido com o tempo.
Red Maddox (Dayane Nunciatelli)
Red Maddox é o codinome de Dayane Nunciatelli. Professora de português e modelo pin-up do grupo PMM Brasil (Pink Mink Mafia), é uma pin-up que ama a música e tudo relacionado às décadas de 1930 a 1960. Inspirada nas cowgirls de Gil Elvgren, é apaixonada pela cultura western. Goldie Hill, Rose Maddox, Patsy Cline e Wanda Jackson são alguns exemplos de sua inspiração.
Miss De-Lovely (Mirella Fonzar)
Miss De-Lovely é o codinome de Pin-Up da jornalista Mirella Fonzar, fundadora do portal Universo Retrô, do blog e canal Miss De-Lovely e da agência de marketing digital Casa de Criatividade. Viciada em tudo que vem do passado, coleciona discos, tatuagens old school e batons. É apaixonada por Rockabilly, Blues e Jazz.
Miss Belle (Isabela Mantovani)
Miss Belle é o nome de Pin-up de Isabela Mantovani, que surgiu de anos de uma paixão pela época à qual acredita pertencer de coração. Por sempre ver nos filmes, na fotografia, na moda e na música um estilo e uma estética que a agradavam, acabou se imergindo neste universo. Inspirada nos anos 40 e 50, é fã de rock, blues, soul e R ‘n B. Além da dança, se conectou tanto às décadas, que as incorporou em seu estilo do dia a dia; geralmente pelo cabelo, maquiagem, roupas e principalmente pela trilha sonora que escuta.
Ouça a Playlist Wild Women no Spotify e liberte a fera que há em você: