A convite da “Rockers In Brazil”, o Universo Retrô foi conferir de perto a primeira edição do Rock This Town Festival, que aconteceu recentemente em São Paulo. Com a promessa de integrar anualmente o calendário de eventos da capital paulista, o festival idealizado por MoniBoop (Rockerama) comemorou o primeiro ano do Elvis Day e apresentou as diversas nuances da cultura rockabilly durante quatro dias consecutivos de programação dedicada ao estilo.
A abertura do evento aconteceu no dia 16 de agosto no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo, durante uma cerimônia de solenidade fechada, encabeçada pela vereadora Edir Sales, que diplomou 50 pessoas envolvidas com a cena rocker brasileira, como os empresários Eder Tavarone (Shake Baby Bar) e Aleks Rocker (American Graffiti Bar) e Diorandi Nagao (Fotógrafo). Na ocasião, se apresentaram os músicos Henry Paul e Erik Lunghin – Cover de Elvis Presley.
Dando início na sexta-feira a noite, a programação oficial do festival aconteceu ao longo dos dias 19, 20 e 21 de agosto, na Garagem 55, no bairro da Mooca. Entre apresentações de bandas e DJs de rockabilly e vertentes, covers de Elvis Presley, exposição de carros antigos, feira de artigos vintage e retrô, e competições de dança, Pin-Ups e topetes, o festival reuniu um público de apaixonados pela cultura dos anos 1950 e 1960 em um dos finais de semanas mais frios do mês, com os termômetros chegando a 9 °C.
Programação Musical do Rock This Town
Abrindo a programação musical do evento, na sexta-feira, se apresentaram as veteranas bandas Run Devil Run (São Paulo), comandada por Luiz Teddy, filho do lendário Eddy Teddy, do Coke Luxe, e Pelvis (Argentina), uma das bandas de maior relevância no neorockabilly latino, ao lado dos DJs Terêncio (Rio de Janeiro) e Navarro (São Paulo), e apresentação do cover de Elvis Presley, Adam Roman (São Paulo).
No sábado, dia principal, a programação ficou por conta da banda Ruby Woo (Tatuí – SP) – única representante feminina no line up; seguida pelo veterano Alex Valenzi & The Hideaway Cats; o pianista Ballura (Curitiba – PR) e o guitarrista Dan Rocker (Santo André – SP), numa formação especial para o evento; a orquestra Soul Boogie; o cover de Elvis, Nick Araújo (São Paulo) e, por fim, o vocalista do The Polecats, Tim Polecat (Inglaterra), acompanhado do trio paulista Dan Rocker (guitarra), Marcelo Zarra (baixo acústico) e Renan Pigmew (bateria). Os Djs Navarro e Charutinho (São Paulo) comandaram as pick ups neste dia.
Para fechar o festival, no domingo, se apresentaram novamente os DJs Navarro e Farrel, seguidos pelo DJ Wagnão, o cover de Elvis Erik Lunghin, e as bandas Studbaker (São Paulo), Seedão HD e Os Destruidores de Arquivos (São Paulo) e, novamente, Pelvis (Argentina).
A escolha do line-up do Rock This Town Festival – e até mesmo o nome inspirado em um sucesso da banda Stray Cats – diz muito sobre o evento, que reforça suas raízes no neorockabilly dos anos 1980 e 1990, e no sentimento de nostalgia dos primórdios da cena rocker brasileira deste mesmo período. Encabeçado pelas atrações internacionais, Pelvis e Tim Polecat, o festival apostou em músicos veteranos, sons clássicos e nos tradicionais covers de Elvis Presley.
Concursos de Dança, Topetes e Pin-Ups
Em meio às atrações musicais, os tradicionais concursos de dança, topetes e Pin-Ups incentivaram o espírito competitivo dos participantes e animaram os visitantes nesses três dias de evento. As competições, que aconteceriam num palco alternativo, acabaram entrando na programação do palco principal.
Na sexta, rolaram as primeiras eliminatórias dos concursos de dança e topetes, enquanto, no sábado, foi apresentada a segunda rodada das disputas, seguidas pelo concurso de Pin-Ups, que coroou Srta. La Rodrigues (São José dos Campos) como Miss e contou com a presença da Pin-Up internacional, Bernie Dexter (Las Vegas), como jurada, e performance burlesca de Aurora D’Vine (São Paulo).
No domingo, foi a vez de eleger o casal destaque na dança, assim como premiar o topete mais elaborado. Seguindo a ideia de prestar homenagens aos primórdios da cena rocker, aconteceu um revival do tradicional Concurso de Topetes de Rick ‘n Roll, famoso nos anos 1990, e um Concurso de Dança Rockabilly aos moldes daqueles deste mesmo período, como o que chegou a levar Alexandre Yé (jurado desta competição e líder da The Dogs) a Memphis como premiação.
Ainda como forma de homenagear a cena rocker, foi instalado um mural de fotos com imagens selecionadas dos integrantes das principais gangues e amantes do rockabilly.
Exposição de carros antigos, feira vintage e espaço impressionante
Em parceria com o Hot Rods Brasil, o Rock This Town levou ao público uma exposição de ve´ículos antigos, que somava-se ao acervo da Garagem 55, ao longo dos três dias de festival. Eram diversos carros e motos clássicas e customizados expostas na parte interna e externa do evento. A atração garantiu ainda mais o clima de resgate ao passado e serviu de cenário para muitos dos visitantes tirarem fotos durante o festival, inclusive, as várias Pin-Ups que participaram do evento.
Outra aposta da organização do Rock This Town foi uma pequena feira vintage, com expositores comercializando artigos e produtos voltados para a cultura retrô durante o festival. No entanto, sentimos falta de uma melhor sinalização para estes expositores que ficavam numa área mais afastada do palco e com pouca circulação de pessoas.
Em mais de 12 mil m² de área coberta, o Garagem 55 se mostrou cheio de potencial para a realização de eventos deste tipo, oferecendo, além do palco principal, uma completa estrutura em alimentação, com bar, restaurante e lanchonete, espaço kids, estacionamento privativo, entre outras atrações. São pistas de boliche, brinquedos infantis com circuitos, tobogã e piscina de bolinhas, fliperamas clássicos, sinuta, pebolim, ping-pong e muito mais.
Nossas impressões gerais sobre o Rock This Town Festival
De maneira geral, encontramos um clima bastante agradável no festival Rock This Town; com música boa e ambiente familiar. Não enfrentamos filas para alimentação ou compra de bebidas, assim como a estrutura de banheiros, estacionamento e alimentação também cumpriu com o prometido.
Em relação aos horários, existiram alguns atrasos – provavelmente por conta da junção dos dois palcos -, mas nada que atrapalhasse tanto o fluxo final do festival. Já os concursos culturais de dança, topetes e Pin-Ups, por terem sido realizados na parte de baixo do palco, talvez isso tenha atrapalhado um pouco a visão de quem tentava assistir do fundo.
Nesses momentos em que o público ficava bastante concentrado na área em frente ao palco, era possível circular com tranquilidade pelos outros ambientes, já que a capacidade máxima de visitantes que a Garagem 55 pode suportar – cerca de 2.500 pessoas – talvez ainda seja algo difícil de atingir em eventos nichados.
Segundo a organização, a média de visitantes chegou ao máximo de 600 pessoas no sábado e o mínimo de 300 no domingo. Moniboop, idealizadora do Rock This Town, acredita que o frio possivelmente tenha atrapalhado um pouco os números do evento, mas que isso não reduz seu sucesso.
Apesar dos termômetros chegarem a 9 °C e parte do público talvez ter preferido ficar embaixo das cobertas nesta data, eventos de cunho vintage – em específico de cultura inspirada na década de 1950 e do estilo musical rockabilly – ainda sofrem com a dificuldade de atração de públicos mais jovens e mais diversos.
Sendo assim, fica o grande desafio para as próximas edições do Rock This Town e de outros festivais deste tipo: expandir o seu alcance, conseguir furar a bolha e apresentar o rockabilly como uma cultura viva e que não fica restrita apenas às eras de ouro do passado.