Tatuador Polaco (Foto: Reprodução)
Em séculos de existência, o ato de marcar o corpo é tão antigo quanto a humanidade em si. E para contar a história da evolução da tatuagem, o Carnavalesco André Cezari marca a sua estreia traçando com ousadia o desfile da Escola de Samba paulista, Rosas de Ouro, no carnaval de 2016.
Tabu ainda na década de 90, a arte da tatuagem hoje ganha projeção e até espaço reservado para contar parte dessa trajetória, o “Museu Tattoo Brasil”, primeiro e único da América Latina. Localizado em um prédio histórico e tombado no Centro de São Paulo, foi uma das fontes de pesquisa e inspiração para levar um pouco dessa história da Avenida para o mundo.
Como agulhas, os saltos finos das passistas tatuam a passarela. A Presidente, sua Diretoria, artistas, cantores, compositores, ritmistas, baianas, velha guarda e sambistas são os tatuadores. O Carnavalesco e a Comunidade, a máquina. A pele é o samba, que arrepia. O Estêncil é o Figurino. O enredo são os Flashes. O Pigmento são as cores da Agremiação. O sentimento é o Pavilhão desfraldado pelos casais de Mestre-Sala e porta-bandeira, que riscam o chão de poesia e espalham o perfume na nossa Roseira”
Alguns dos profissionais que fizeram parte dessa história, entre eles, o tatuador e artesão Polaco (Elcio Séspede), idealizador do Museu que nasceu de uma coleção pessoal e hoje conta com cerca de quinhentas peças inéditas. Quadros originais do primeiro tatuador que decidiu parar com as suas aventuras tatuando em navios e fixar moradia no litoral Santista.
Conhecido como Lucky (acreditava-se que suas tatuagens traziam sorte), trouxe na bagagem a primeira máquina elétrica que serviu de inspiração para as improvisações nas celas dos presídios: feitas de cordas de violão, seringas de insulina, pedais de máquinas de costura, barbeadores. “Tataus” que esculpiam as cobiçadas peles dos nativos pelos ambiciosos colecionadores, entre muitas outras curiosidades encontradas no Museu.
“Estamos lisonjeados pela homenagem da Sociedade Rosas de Ouro levar a “tatuagem” para a Avenida e para o mundo, exaltando a sua parcela na construção da história. Desmistificando os valores, mostrando e retratando como sentimento, cultura e arte. A tatuagem é a marca individual de uma pessoa expressar o que sente através da arte” – afirma Carla Rissatto, diretora do Museu.
O samba-enredo da Rosas de Ouro foi composto por Vagner Mariano, Fabiano Sorriso, Marcus Boldrini, Márcio André Filho, Rapha SP, Wellington da Padaria, Guiga Oliveira e Bolt Mascarenhas. A Agremiação será a 4ª a desfilar no dia 5 de fevereiro em São Paulo e levará como Destaques alguns artistas precursores no ofício, entre eles Polaco – representando e homenageando todas as gerações de profissionais que ajudam a evoluir e perpetuar a arte.
Samba-enredo Sociedade Rosas de Ouro (Freguesia do Ó, em São Paulo):
‘Arte à Flor da Pele. A Minha História Vai Marcar Você’
Eu vou tatuar no seu coração
Pra vida inteira
És meu amor
Eterna como o tempo, roseira
A mão marcou na pedra essa história
Nascia a primeira cicatriz
Exposta na pele como troféu
Esculpida em rituais
Orgulho na alma do guerreiro
Essa herança dos tribais
Por muito, a religião proibiu
Ao som do tatau, no ocidente, evoluiu
Marcando novas gerações
Rebelde em seu jeito de ser
Na velocidade da luz
A muitos seduz, vem ver
Salve o marinheiro, vem arte do mar
Em chão brasileiro, canta o sabiá
Floresceu paz e amor num fino traço
Dragão tatuado no braço
Vem ser criança e brincar
No seu corpo desenhar
A fé que traz a esperança
Saudades, paixões e lembranças
Em formas radicais
Em notas musicais, vai além…
Entre as grades nasce a flor também
E a nação azul rosa vai passar
Riscando o chão na passarela, a cantar: roseira! roseira!
Minha segunda pele é meu pavilhão
Orgulho estampado com ostentação
SERVIÇO
Museu Tattoo Brasil – http://www.museutattoobrasil.
Endereço: Rua 24 de Maio, 225 – 1º andar, Centro – SP, próximo ao Metrô Republica