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Flores e Frutas dão charme cinquentista para a nossa Pin-Up do Mês

9 de fevereiro de 2020, por Daise Alves
Moda
Pin-Up com Pêssego

Apaixonada não só por rockabilly, mas principalmente doo-wop, como carrega em seu codinome, Wendy Doo-Wop traz todo o charme cinquentista ao Pin-Up do Mês de fevereiro. Clicada por Renata Candido, no Estudio Retrô, novo projeto da fotógrafa, a Pin-Up aparece em meio a “Frutas e Flores” .

Com figurino da marca Gessica Rouse com saia godê e blusinha com modelagem anos 50, a nossa pin-up do mês é uma “pin-up das antigas”, quando o termo ainda nem era muito usado por aqui. Ela também tem mais de 40 anos e mostra que o estilo não tem idade. Confira a entrevista em que fala sobre como aderiu ao estilo, ainda no final dos anos 80.

Pin-Up Pessego

(Foto: Renata Candido)

Universo Retrô – Quando você adotou o estilo pin-up e o que você mais sente que mudou em você ao adotar o estilo?

Wendy Doo-Wop – Eu adotei o estilo Pin-up em 1989. Naquela época nem se utilizava o termo correto. A denominação era apenas “Rockers”. Tínhamos muita dificuldade de acesso as informações, sem internet, sem meios de viajarmos para o exterior, o pouco que conhecíamos era de livros, revistas e filmes.

Apesar da origem das pin-ups ser nos anos 40, aqui no Brasil o aprofundamento sobre o estilo demorou um pouco mais. Mas, foi em 1989 que vesti minha primeira saia rodada e fui a um lugar chamado Hoellisch, onde encontrei os “rockers” e me encontrei também. Me lembro como se fosse hoje, que ao descer as escadas do lugar, ouvindo doo-wop e vendo um monte de gente vestidas como eu sempre quis me vestir, parecia um sonho!

Eu sempre amei tudo ligado aos anos 50, desde os 9 anos de idade, mas foi somente aos 14 que consegui encontrar o meu lugar no mundo e viver o estilo que sempre amei. O que mudou em mim foi a minha afirmação como pessoa, a maneira de lutar pelo que quero e gosto sem me importar com a aceitação ou julgamento dos outros.

Imaginem que uma garota de 14 anos nos anos 90, andando no metrô, vestida com roupa dos anos 50 ou dizendo na escola que ouvia Beatles, Chuck Berry, Wanda jackson… era vista como um E.T, pela falta de informação que tínhamos por aqui.

Mas eu nunca me importei. Depois daquele momento em que me descobri uma pin-up e todo o universo riquíssimo do anos 50, musica, dança, carros, filmes… eu nunca mais me importei com nada que as pessoas pudessem dizer ao meu respeito e também respondia a todas as perguntas dos curiosos mesmo quando vinham cheias de sarcasmo.

Universo Retrô – O que você sente ao realizar ensaios fotográficos?

Wendy Doo-Wop – Eu me sinto viva! Eu me sinto com a auto estima renovada! Além de ser também um meio de voltar a época por meio de cenários. Se eu pudesse dar um conselho às mulheres, eu diria para que todas fizessem ao menos um ensaio na vida. É um ato de amor próprio! Olhar as fotos prontas faz com que eu me ame mais e mais! É uma experiência incrível que toda mulher deveria vivenciar!

Pin-Up Tropical

(Foto: Renata Candido)

Universo Retrô – Para você, como é viver o estilo de vida retrô? Seus filhos também se tornaram adeptos?

Wendy Doo-Wop – Hoje em dia eu não sei mais viver de outra maneira. É tão natural que as vezes me surpreendo quando me deparo com alguém me observando de maneira “estranha” sem entender. É tão natural que esqueço que estou “destoando” das demais pessoas e muitas vezes chamando atenção.

Eu realmente esqueço disto. Eu vivo isto, não vou a shows ou ouço musicas de hoje em dia por vontade própria. Eu ouço quando vou a lugares em que estou e sou obrigada a ouvir, não por preconceito ou por ser “fechada”, mas porque realmente não gosto.

No meu guarda roupa as únicas roupas que não são neste estilo são as de ginástica. E sinto muita dificuldade de me vestir quando preciso colocar uma roupa “normal” para ocasiões mais formais, por exemplo, olho no espelho e não me vejo. Existem dias que não tenho tempo para me arrumar como gostaria porque é demorado e trabalhoso mas nunca saio do estilo.

Meu filho mais velho está com 24 anos e não seguiu esse estilo em absolutamente nada. Minha filha de 6 anos simplesmente ama de paixão as músicas, a dança, os carros e pede pra se vestir, se pentear e faz poses de pin-up. Ela me acompanha em tudo, inclusive, a ensaios e eventos e ama tanto quanto eu.

Universo Retrô – Qual a inspiração para realizar esse ensaio fotográfico com a Renata Candido para o Universo Retrô?

Wendy Doo-Wop – Essa proposta partiu da Renata. Era algo que queríamos fazer a algum tempo e nossa inspiração vem de fora na maioria das vezes e de livros e de imagens e pinturas de pin-ups. Demos o nosso “toque” ao tema e ficamos bem felizes com o resultado.

Wendy Doo-Wop

(Foto: Renata Candida)

Universo Retrô – Você costuma frequentar muitos festivais e eventos vintage, inclusive, fora do Brasil. Tem algum que você tenha gostado mais? Por quê?

Wendy Doo-Wop – É bem difícil escolher entre eles porque são completamente diferentes entre si. O Rockabilly Rave é incrível por se tratar de um local onde ficamos todos durante os 4 dias somente ouvindo e vendo tudo relacionado aos anos 50.

Realmente nos teletransportamos para a época. Você não vê nenhuma pessoa que não esteja vestida no estilo. Seus vizinhos de chalé ouvem somente os estilos musicais da época, não se ouve nada fora disso. São bandas tocando o tempo todo, inclusive, as “informais” nos jardins do lugar.

Stands das melhores lojas, brechós incríveis e pessoas impecavelmente vestidas. E lá todos amam dançar e dançam o tempo todo! É realmente viver um sonho!

O Screamin Festival é diferente, porém, tão maravilhoso quanto! Lá vão pessoas do mundo todo, inclusive, da Inglaterra. Mas, a sensação que tenho é que neste festival a vibe é diferente! As pessoas são mais calientes. Mais sorridentes, interagem mais. Até os ingleses! As pessoas se misturam, tentam se comunicar a qualquer custo.

Por lá é natural ver pessoas falando de 3 a 4 idiomas em uma mesma frase (risos), fazem mímicas, vale qualquer coisa para a troca de informações e de energia. Esse festival tem dois locais e um deles é na praia, então é bem diferente. É muito, muito difícil escolher entre eles mas não nego que meu queridinho é o Screamin Festival.

Pin-Up Wendy Doo-Wop

(Foto: Renata Candido)

Universo Retrô – Como você nota a diferença entre festivais gringos e nacionais?

Wendy Doo-Wop – No Brasil não temos muitos festivais, temos mais festas. Os eventos kustom, como o Lucky Friends Rodeo, que mescla as duas culturas, não deve absolutamente nada a nenhum evento de fora! A grande diferença que vejo entre os eventos gringos e brasileiros são os pontos: musica e organização.

Os eventos gringos assim que terminam já tem data, local anunciados e boa parte do lin-up também. Aqui os eventos são divulgados muito em cima da hora ao meu ver. Com maior tempo hábil as pessoas podem se organizar melhor, eu acho isso fundamental. Fora isto tudo que envolve os festivais gringos é extremamente organizado e bem executado.

Ano passado apenas um festival gringo teve problemas de organização por problemas com a prefeitura do lugar. Mas é raro de acontecer. Acredito de verdade que ainda temos muito o que aprender neste quesito. A educação e o respeito entre as pessoas é bem diferente também. Quem vai a festivais lá fora percebe muito isto. E a questão musical é também um diferencial absurdo.

A qualidade de equipamentos e locais onde os eventos são realizados, fora que tudo começou lá e depois veio pra cá, então você ver ao vivo as bandas que sempre ouviu em discos e CDs aqui é indescritível!

Pin-Up Wendy Doo-Wop

(Foto: Renata Candido)

Universo Retrô – Em em relação as marcas. Tem algo nas marcas estrangeiras que você sente falta no Brasil?

Wendy Doo-Wop – As marcas brasileiras estão cada vez melhores. Temos coisas incríveis por aqui. Existem marcas fazendo réplicas perfeitas dos jeans da Rumble 59, que para nós é quase impossível comprar por questão de conversão de moeda. Outra réplica maravilhosa é de cintos, que a galera do sul tem feito, ficou muito muito bom!

Lá fora quase tudo que usei foi de marcas brasileiras e fui extremamente elogiada. Nossas roupas realmente tem muita qualidade. O que sinto falta aqui são acessórios, sapatos e roupas de frio. As roupas de frio até é compreensível, por questão de clima, mas é mais difícil encontrar aqui roupas de frio nesse estilo e quando encontramos é extremamente caro! Lá fora existe uma infinidade de acessórios. É impossível comparar com o Brasil. São muitas, muitas lojas. E aqui também não temos tantos brechós vintage como lá.

O acesso que eles tem a essas coisas é imenso. É incomparável com o que temos por aqui. E para eles lá é muito barato! Óbvio que para nós não, porque ao convertermos as moedas fica absurdamente caro mas para eles é quase de graça. Então o que acho que precisamos mais aqui são acessórios e sapatos. Temos sapatos maravilhosos aqui mas os de fora, nunca vi nada parecido por aqui.

Pin-Up Bathroom

(Foto: Renata Candido)

Universo Retrô – Como é ser uma garotinha prese em um corpo de 44 anos?

Wendy Doo-Wop – Eu amo cada ano da minha estrada! Tenho muito orgulho dos meus 44 anos e nunca me passou pela cabeça nem por um segundo mentir minha idade! Essa sou eu e minha idade faz parte de mim e de quem sou! Hoje me acho infinitamente mais bonita do que quando tinha 20 anos.

É claro que muita coisa temos que aprender a entender e aceitar como a falta de colágeno, por exemplo (risos), o cansaço, o corpo que não acompanha 100% o cérebro! Apesar de ter muita disposição seria leviano afirmar que a disposição não muda com o passar do tempo. É necessário mais tempo pra se arrumar,especialmente sendo pin-up, o cabelo e a pele já não respondem mais como a anos atrás.

Enquanto uma pin-up de vinte poucos anos faz um rabo de cavalo, passa um delineador e sai, aos 44 já precisamos de um pouquinho mais de cuidados. Mas, tiro isso de letra! Amo me arrumar ,amo dançar, amo fotografar e espero ter saúde por muito tempo para continuar fazendo tudo isso! Acho que a frase é perfeita, sou uma garotinha presa em um corpo de 44 anos rumo aos 45 em julho deste ano!

Pin-up, mãe e mulher! Ver mensagens de muitas meninas maravilhosas e muito mais novas do que eu dizendo que se inspiram em mim só me faz sentir gratidão e espero poder continuar inspirando a todas e que cheguem aos 44 mais lindas ainda e mais fortes e se amando cada dia mais e mais!

Wendy Doo-Wop

(Foto: Renata Candido)

Universo Retrô – Para finalizar, nos fale sobre suas inspirações para manter o estilo retrô.

Wendy Doo-Wop – Olha eu acho que sou um misto de muita coisa, inspirações musicais, inspirações de divas inalcançáveis como Marilyn e inspirações de mulheres reais como Lana Leigth, uma pin-up maravilhosa que luta todos os dias de sua vida com autismo e 3 filhos autistas! Mulheres maravilhosas como Kiki Jaybird e Nikki Redcliffe.

Eu sigo muitas pin-ups maravilhosas e impecáveis, verdadeiras bonecas de tão perfeitas e amo observá-las, mas me inspiro mesmo nas mulheres reais! As pin-ups que fazem posts contando suas dificuldades, seus medos ou simplesmente suas histórias. Minha maior inspiração é o amor que sinto por esta década tão rica em todos os aspectos e sim a música… ahhh a música!

Ficha Técnica
Pin-Up: Wendy Doo-Wop
Fotografia: Renata Candido
Estudio Retrô
Figurino: Gessica Rouse

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