Home > Lifestyle > Mods e Rockers esquecem rivalidade e celebram lançamento do Universo Retrô; conheça a história dos dois grupos

Mods e Rockers esquecem rivalidade e celebram lançamento do Universo Retrô; conheça a história dos dois grupos

13 de agosto de 2015, por Paola Limeira
Lifestyle
mod-rocker

Neste sexta-feira (14), o Universo Retrô celebra o lançamento do site num evento pra lá de especial. A Festa Rocket, que será realizada no Rockerama Club, em São Paulo, a partir das 20h, promete unir, além dos simpatizantes do vintage e retrô e admiradores do portal, dois grupos que, por muito tempo, foram considerados rivais: os Rockers e Mods.

A festa, que mistura referências musicais dos anos 50 e 60, surge com o objetivo de quebrar esse tabu de que os dois movimentos não se misturam. “Queremos provar que essa rivalidade ficou no passado e, hoje, nos resta apenas a música e a moda daquela época. Afinal, Rockers e Mods fazem parte de subculturas quase em extinção! Vamos salvar a cena que ainda nos resta, não é?”, propõe Mirella Fonzar, editora do Universo Retrô e idealizadora do evento.

Para o lado dos Rockers, o evento traz o rockabilly do Space Comets, o rock ‘n roll 50’s do Rock In Black e discotecagem especial com o DJ Juks Jive, idealizador da primeira rádio anos 50 do Brasil, a Topetes e Brilhantina. Já do lado dos mods está a banda Os Pumas, que traz uma mistura de sons dos anos 60, como soul e rock ‘n roll. Nas pick-ups, Mac Lovin, do selo Vertigem, agita a pista com o melhor do surf e garage. A noite promete, e para entender um pouco sobre o tema da festa, vamos entrar mais a fundo na história dos dois movimentos. Vem conferir!

O jovem consumidor

We Are the Lambeth Boys - 1959

Filme We Are the Lambeth Boys – 1959 (Foto: Reprodução)

O adolescente ocidental da década de 50 impôs uma nova ordem distanciando-se do mundo dos adultos. Obtinha dinheiro por meio de seu próprio trabalho, surgindo assim uma liberdade para adotar um estilo próprio em comportamento.

Os jovens encontravam uma maneira de se expressarem na música, nos espaços que frequentavam e nos meios de transporte que utilizavam. Com suas indumentárias características, os grupos minoritários sempre encontravam uma forma diferente (underground) de se afirmarem.

Rockers

Rockers britânicos nos anos 50

Turma de rockers britânicos nos anos 50 (Foto: Reprodução)

Início: Alguns relatos os denominam que os Rockers foram sucessores dos Teddy Boys, outra subcultura britânica das décadas de 50 e 70, adotada por jovens britânicos que usavam roupas inspiradas na era eduardiana e ouviam rockabilly. No caso dos rockers, a subcultura juvenil surgiu da classe operária do Reino Unido, na década de 50, com forte influência do Rock n’ Roll da época.

Música: Rock ‘n roll e Rockabilly (mistura de blues e hillbilly).

Transporte: Motocicletas barulhentas e personalizadas com o intuito de aparentar motos de corrida, eram usadas como forma de intimidação e masculinidade.

Os rockers e suas inseparáveis motocicletas

Os rockers e suas inseparáveis motocicletas (Foto: Reprodução)

Visual: Com estilo despojado, não davam muita importância para a moda (ou não preferiam não demonstrar preocupação) e as mudanças da época, defendiam os valores tradicionais da década anterior misturado com certo ar de rebeldia.

Usavam topetes com muita brilhantina, jeans surrados (dos mais básicos do trabalhador) camisetas, jaquetas de couro (rígido), geralmente decoradas com emblemas e tachas de metal. Quando estavam pela estrada usavam um capacete aberto, óculos de aviador e lenço branco para proteção.

As meninas preservavam também o topete. Usavam saia rodada com saiotes de náilon, blusa com decote redondo, cardigã, suéter justo ou com gola polo e camisa justa com mangas três-quartos. Lencinhos amarrados no pescoço.

Festas: Organizavam bailes que reuniam várias motocicletas. Com muita música e dança.

Mods

Turma de Mods em Londres, nos anos 60

Turma de Mods em Londres, nos anos 60 (Foto: Reprodução)

Início: No final dos anos 50 e inicio da década de 60, os jovens com origem da classe operária começaram a trabalhar em fábricas ou empresas onde havia uma concentração maior na demanda de empregos. Isso, como resposta do pós-guerra que seus pais sobreviveram. Muitos eram filhos de operários ou tinham uma conexão com os donos de fábricas de tecido.  O destino do salário geralmente era na compra de vestimentas e no consumo de festas.

Como toda significativa subcultura, o grupo Mod também tem a ver com conflito de classes. Com sua raiz operária, mas com pretensões de inclusão, através das roupas caras, compradas com dificuldade ou com a vontade de estudar arte e design para se afastar do passado de suas famílias.

Símbolo: O símbolo azul, vermelho e branco, que os mods pegaram emprestado da Força Aérea Real (RAF) representava uma homenagem aos mortos durante a Segunda Guerra.

Música: Jazz moderno, Rhythm and blues, Soul, Ska jamaicano, Bluebeat.

Transporte: Muitos usavam scooters, símbolo de estilo italiano como meio de transporte.  As marcas eram Lambrettas ou Vespas e se popularizaram entre os jovens de classe media com empregos de baixa remuneração, além de serem mais baratas eram mais práticas para estacionar do que carros, e porque também o transporte público deixava de circular muito cedo. Outra vantagem é que os painéis não manchavam suas roupas com óleo ou poeira da estrada.

As scooters eram tratadas também como acessórios de moda, personalizavam pintando de forma que ficassem exclusivas com o próprio estilo do dono.

O Mods e suas scootters

O Mods e suas scooters (Foto: Reprodução)

Visual: O visual mod é limpo e sofisticado com uma aparência suave. Com ternos justos, feitos sob medida, com lapelas estreitas, polos abotoadas até o pescoço (de preferência das marcas Sherman ou Fred Perry) gravatas finas, sapatos de boliche, mocassins, casacos militares, a fim de manter suas roupas limpas por conta das scotters. Penteados que imitam a aparência dos atores do movimento cinema Nouvelle Vague.

Na época alguns meninos mods usavam sombra e lápis nos olhos, também batom. As meninas com vestimenta andrógina, com cortes de cabelo curtos, calças ou camisas masculinas, sapatos baixos, e pouca maquiagem. As saias tornaram-se mais curtas no início dos anos 60, com a influência da designer de moda Mary Quant. Twiggy, modelo esguia, exemplificava o estilo mod.

Festas: Os mods se reuniam em pubs, cafeterias e clubes à noite, como o Goldhawk, The Flamingo e The Marquee, em Londres, para ouvir músicas e dançar.

Junção de gêneros: A subcultura Mod foi importante na integração de gêneros acreditando que homens e mulheres podiam viver o mesmo estilo de vida. A mulher ingressava no trabalho que lhes dava uma renda e consequentemente as fazia mais independentes. Enquanto isso, o homem se preocupava com o que vestia por conta da estética do grupo que pertencia.

Mods x Rockers

Mod e Rocker

Rocker e Mod, respectivamente (Foto: Reprodução)

Após a Segunda Guerra Mundial, os grupos de jovens continuavam a ser um problema para o bom convívio da sociedade. O movimento Mod ganhava forças e precisava estabelecer suas ideologias, que os levavam diretamente em confrontos com grupos de pensamentos diferentes, como os que vieram a se tornar seus inimigos, os Rockers.

Os Mods e Rockers entravam em conflitos por divergências nos estilos de vida. Enquanto os Mods achavam os Rockers grosseiros, machistas e antiquados, os Rockers consideravam os Mods delicados por gostarem de arte e moda, consequentemente, traidores da sua classe, porque queriam mudanças sociais.

Por conta de tudo isso, a rivalidade aumentou entre as duas tribos, quando se encontravam em lugares frequentados ou planejados intencionalmente se confrontavam violentamente. A briga mais relatada entre os dois grupos aconteceu no fim de semana da Páscoa em 1964, em Brighton, no litoral sul da Inglaterra.

Mods e Rockers na famosa batalha de Brighton, em 1964

Mods e Rockers na famosa batalha de Brighton, em 1964 (Foto: Reprodução)

Tumultos, janelas quebradas, destruição de barracas de praia, cadeiras jogadas ao ar, sangramento… Tudo isso retratado na época gerou um estardalhaço, que até pouco tempo atrás (2004) muitos dos que vivenciaram o acontecimento disseram que a imprensa fez parecer muito pior do que o que realmente foi.  Desvendando também que existia rivalidade até entre os do mesmo grupo separando por região Mods do Sul e Mods do Norte.

Lembrando que esses não foram os primeiros grupos e nem os últimos a marcar uma geração identificando, assim, os anseios da época sobre vários temas como status, arte, religião, politica, moral e filosofia. Ambas as tribos, inclusive, ultrapassaram décadas e a própria fronteira da Grã Bretanha. Mods e Rockers existem até hoje (com suas devidas adaptações, claro) e podem ser encontrados em diferentes lugares do mundo, até na cidade de São Paulo convivendo em harmonia.

Quer ver de perto o que rola com essa mistura toda? Vem pra Festa Rocket!

SERVIÇO

FESTA ROCKET
Lançamento do site Universo Retrô

Local: Rockerama Club Bela Vista; Rua Rui Barbosa, 401 – São Paulo (SP)
Data: Sexta-feira, 14 de agosto
Horário: A partir das 20h (primeira banda tocará às 23h)
Entrada: R$ 15 (Aniversariante do mês tem entrada VIP, ao apresentar o RG)
DJ Juks Jives (Rádio Topetes e Brilhantina)
Bandas – Space Comets, Os Pumas, Rock In Black
Evento facebook: http://on.fb.me/1SQajPG
Realização: Universo Retrô
Apoio: Plectro, Rádio Topetes e Brilhantina, Hello Vargas Filmes, Vudu e Rockerama Club.

Matérias Relacionadas
Hairspray
Hairspray chega a São Paulo e já está com vendas de ingressos abertas
Micro Franjas
Micro franjas, o corte “cinquentinha” que voltou a ser tendência
Feminismo Mod
Feminismo mod: 6 representantes femininas da subcultura que fizeram diferença
Como assim faliram?
Como assim faliram?: 5 gigantes que ninguém imaginava fechar as suas portas

2 Responses

  1. Claudinei Pinto filho

    olá Boa, tarde, sou novo integrante Rockers Brasil MC, e gostaria de saber se vcs tem como me fornecer um contato deles Rockers Inglaterra .

Deixe um comentário