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Lady Pirate: Pirata é tema do Pin-Up do Mês de Agosto

13 de agosto de 2020, por Daise Alves
Lifestyle
Pin-Up Pirata

Como forma de celebrar o aniversário do Universo Retrô, anualmente nós, editoras, protagonizamos o Pin-Up do Mês com produções fotográficas especiais, produzidas pela equipe do site.

Depois as inspirações regionais que o país oferece, com os ensaios inspirados no cangaço e nas sereias, resolvemos abordar dois temas com culturas bem antigas, presentes em diversos continentes, cheios de estereótipos, especulações históricas, lendas e que instigam o imaginário popular; Ciganas e Piratas.

Editorial Pin-Up Pirata. Ensaio feito em estúdio.
(Foto: Tainá Lossëhelin)

No mesmo formato de Gipsy Queen, no qual Miss De-Lovely encarna uma cigana, o editoral Lady Pirate protagonizado por mim contou com equipe reduzida, devido ao momento que estamos vivendo por conta da pandemia da Covid-19. O segundo ensaio que celebra 5 anos do portal também foi produzido em ambiente interno, com o estúdio móvel da fotógrafa Tainá Lossehelin.

Depois de trazer os “ladrões do sertão” ao universo da fotografia vintage, com a temática do cangaço como proposta para o Pin-up do Mês, dessa vez, decidimos abordar outro tema bastante subversivo e transgressor com os famosos “ladrões dos mares”: os Piratas

Ensaio fotográfico pin-up no estilo pirata
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Ambas as figuras promoviam o terror por onde passavam, eram temidos por muitos, mas considerados justiceiros por outros, já que muitos piratas eram fugitivos em busca de prosperidade e liberdade.

Lady Pirate: O processo criativo do editorial pirata

A indumentária e iconografia pirata é repleta de elementos significativos. Para a fotografia ficar mais limpa, optamos por trabalhar esses itens de forma individual, dando um foco maior para cada uma das peças separadamente. Entre os diversos elementos que representam o universo pirata, optamos por um cenário mais rústico que trouxe:

  • Espada
  • Revolver
  • Baú
  • Rede
  • Caveira
  • Moedas
  • Jóias
  • Mapa
  • Caixote
  • Luneta
  • Bebida
Ensaio de Pin-Up Pirata com luneta
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Para esse editorial também foram usados dois figurinos que caracterizam a estética pirata de diferentes formas. Com uma proposta mais sensual, no primeiro look trouxemos um pouco da estética Pin-Up, com corset preto, blusa ciganinha branca, saia curta preta e acessórios que representam os piratas, como lenço vermelho com caveiras, botas, tapa-olho e jóias douradas.

Já no segundo, a referência é um pouco mais masculina e inclui calça capri cintura alta preta, blusa listrada preto e branco, colete preto, chapéu de veludo, e desta vez, com os pés amostra, com tornozeleira. Essa referência é uma forma que encontramos de abordar como o universo feminino aparecia na pirataria, já que muitas vezes as mulheres precisavam se vestir como homem para participar dos bandos.

Ensaio de Mulher Pirata
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Na paleta de cores desta produção, trabalhamos com tons de preto, branco, dourado e vermelho, cores inspiradas nas bandeiras dos piratas.

Conhecidas como Jolly Roger, as bandeiras piratas costumam ser pretas com uma caveira branca com ossos cruzados no meio. Entretanto, as que mais causavam temor eram as bandeiras vermelhas, que carregavam o significado de que durante a batalha não haveria misericórdia.

Lady Pirate, ensaio feminino pin-up

Os brincos também foram essenciais para este editorial, principalmente no formato argola que são ainda mais icônicos. Segundo a história dos piratas, acredita-se que brincos eram usados para pagar o funeral, caso se perdessem no mar e o corpo fosse encontrado.

Piratas e o Universo das Pin-Ups

Apesar de ser um tema ainda pouco abordado na fotografia Pin-Up e muitas vezes trazer uma estética mais medieval, a figura da pirata inspira não só ilustrações Pin-Up, como com frequência serve de inspiração para tatuagens Old School, desenhos de cartoons e os mais variados traços de ilustração, até mesmo com cunho mais sexualizado.

Há diversas ilustrações de Gil Elvgren, um dos principais ilustradores da arte Pin-Up, com temática pirata. Ilustrações ainda mais antigas de Robert Atkinson Fox e Edward Eggleston Bring também trazem a estética de mulheres piratas, além de ainda ser possível encontrar obras de F. H. Clough, Henry Clive, entre outros artistas.

Ensaio feminino de mulher pirata
(Foto: Tainá Lossëhelin)

A estética com inspiração mais vintage, como estamos habituados, também pode ser encontrada em diversos filmes do início do século XX. A lista é enorme de produções que abordam essa temática, mas, apenas para citar algumas produções, podemos lembrar de:

  • The Black Pirate (1926), estrelado por Douglas Fairbanks
  • O Capitão Blood (1935), estrelado por Errol Flynn
  • A Gaivota Negra (1944), estrelado por Basil Rathbone e Joan Fontaine.
Roupa pirata com tapa-olho
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Por que pirata?

Os piratas são conhecidos pelo arquétipo Fora da Lei. Possuem um comportamento não necessariamente mau, mas, às vezes, praticam atos moralmente questionáveis. Costumam ser trapaceiros, maliciosos, zombadores, vivem sem limites e possuem o espírito da desordem, muitas vezes agindo por impulso. 

Mas, também são revolucionários por quebrar paradigmas sociais e são conhecidos por serem independentes, desprendidos e promoverem a contra-cultura. Não à toa, essas são todas as características do personagem Jack Sparrow, em Piratas do Caribe, uma das séries cinematográficas sobre piratas mais famosa dos últimos tempos.

Baú de Ouro, Mapa, Moedas, pirata
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Caminhando na linha tênue entre herói e vilão, o “anti-herói” pirata, também tem um lado bom que podemos absorver. Não se contentavam com a situação em que se encontrava, eram livres, adoravam explorar, estavam sempre em busca de algo e viviam sem medo. 

Talvez, tudo o que a gente precise hoje para esse momento conturbado e um futuro cheio de incertezas, que nos impede de viver a vida com plenitude. Somos obrigados a ficar em casa e impedidos de sermos livres, tudo isso sem nenhuma previsão de quando vai passar.

Mapa Antigo
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Apesar de não me considerar nenhum pouco fora da lei, esse editorial que, além de comemorar os 5 anos dessa plataforma de conteúdo, também representa meus 30 anos celebrados no final desse mês e reflete um pouco do meu “espírito pirata”, conquistado ao longo desses anos.

Simboliza a minha curiosidade em saber mais, meu prazer em viajar e conhecer lugares novos e diferentes (por incrível que pareça, eu coleciono mapas dos lugares que já visitei), fazendo verdadeiras descobertas reais. Não descubro ouro, mas viajo em livros e lugares que conseguem me tirar do meu lugar comum e me preencher para me transformar em quem eu sou.

O estereótipo pirata na cultura popular

Apesar da origem antiga da pirataria, que deriva de um período a.C, a Época Dourada da Pirataria ocorreu entre o final do século XVII e início do século XVIII (entre 1650 e 1730).

Diversos fatores contribuíram para que a pirataria tivesse seu ápice nesse período, como o crescimento de cargas valiosas, a experiência de marinheiros em navios europeus, a ineficiência governamental ultramarina, entre outros fatores.

Estética pirata: chapéu, colete e muitas jóias
(Foto: Tainá Lossëhelin)

O período virou fonte de inspiração para o imaginário popular, que através da arte, como literatura, música, teatro e cinema, criou arquétipos e estereótipos que ajudaram a popularizar a imagem do pirata, que se reflete até os dias de hoje em jogos eletrônicos, filmes, HQs, e afins.

Uma das primeiras obras literárias responsáveis por popularizar o tema foi Uma História Geral dos Roubos e Crimes de Piratas Famosos (1724), de Charles Johnson, que virou fonte primária sobre o período e deu um ar mítico às figuras da época, como os piratas Barba Negra e John Rackham, além de criar uma representação padrão do personagem.

Roupa de Pirata para ensaio fotográfico.
(Foto: Tainá Lossëhelin)

A Ilha do Tesouro (1883), de Stevenson, é também considerada a mais influente obra de ficção sobre os piratas, junto com os muitos filmes e adaptações que surgiram para a televisão, responsáveis por popularizar o tema e criar muitos estereótipos relacionados ao gênero. Entre os principais elementos, estão:

  • Mapa com um “X” que marca o local do tesouro;
  • Mancha negra como símbolo de desgraça iminente;
  • Tapa-olho (diferentemente do que muitos pensam, o tapa-olho não era usado exclusivamente para esconder algum olho machucado ou a falta dele. Na verdade, servia para manter um dos olhos sempre adaptado aos ambientes escuros);
  • Gancho na mão;
  • Perna-de-Pau;
  • Papagaio no ombro.

Com frequência o tema é muito abordado na cultura pop e uma das principais referências para fantasias de Carnaval, Halloween e até Sex Shops, atribuindo o tema ao fetichismo.

Mulheres Piratas

Apesar de uma cultura predominantemente masculina, também houveram mulheres na pirataria, apesar de pouco mencionadas pela história.

Durante muito tempo, as mulheres eram proibidas de embarcar nos navios; um dos motivos é que elas também eram sinônimo de má sorte entre os piratas. Temia-se que os homens da tripulação iriam discutir e brigar sobre as mulheres. 

Ensaio pin-up com temática pirata
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Devido a essa resistência, muitas mulheres não se identificavam como sendo do sexo feminino e se vestiam de homens para esconder sua identidade. Entre elas está Mary Read, uma das mais famosas piratas. Mary chegou a usar o codinome de Mark Read, quando se alistou no exército britânico. 

Mary Read era amiga da irlandesa Anne Bonny, as duas foram piratas marcantes do século XVIII. A dupla de amigas foi capturada em 1720 e condenadas à forca, mas alegaram estar grávidas para adiar o enforcamento. 

Editorial fotográfico com temática pirata
(Foto: Tainá Lossëhelin)

A chinesa Ching Shih, ou Zheng Shi, também foi uma importante pirata dos mares. Ela era uma prostituta chinesa de um bordel flutuante e se tornou uma poderosa pirata, após se se casar com Zheng Yi e passar a controlar a Frota Bandeira Vermelha, depois da morte dele.

Entre outras mulheres piratas que marcaram a história, desde a era Viking, até o século XX, também podemos citar alguns nomes, como:

  • Sadie Farrel: conhecida por agir com violência extrema e sem piedade com suas vítimas;
  • Jeanne de Clisson: uma dama da sociedade, perdeu seu marido decapitado, condenado por traição. Para se vingar, vendeu as terras da família e comprou navios de guerra;
  • Anne Dieu-le-Veut: Após dois casamentos, Anne casou-se com o assassino do seu segundo marido e passou a viajar em sua companhia. Com ele teve dois filhos. Há relatos de que Anne tinha uma personalidade forte e confiante e que essa característica foi passada para a filha, que também se tornou pirata.
Mulher com roupa de pirata e luneta
(Foto: Tainá Lossëhelin)

A origem da pirataria

O termo pirata deriva do grego “peiratés” que significa tentar, assaltar. A pirataria marítima foi praticada inicialmente pela Grécia Antiga a.C., portanto os gregos são considerados um dos precursores dessa prática. Com o tempo, a pirataria passou a ser praticada por povos de diferentes regiões, como mediterrâneo, europa e ásia.

O termo até hoje é usado para designar pessoas que violam alguma lei, como a violação de direitos autorais de obras usadas sem a permissão, tratando-se assim de um roubo intelectual.

Estética pirata em ensaio fotográfico feminino
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Os piratas, em sua maioria homens, são figuras que trabalham em grupos ou de forma autônoma com o propósito de saquear outros navios e cidades a fim de obter riqueza e poder, por isso, o personagem sempre foi visto como uma figura marginal. 

No entanto, os piratas eram homens muito disciplinados. Tinham um Código de Conduta Pirata no qual era preciso respeitar algumas regras, como por exemplo; se alguém roubasse alguma coisa, ele deveria ser abandonado numa ilha deserta com uma pistola contendo uma única bala.

(Foto: Tainá Lossëhelin)

Apesar da figura de homens brutos e maus, as tripulações pirata já tinham bastante noção de democracia, já que o capitão era eleito pela própria tripulação. Além disso, também aceitavam muitas coisas que até hoje podem ser consideradas tabus como, por exemplo, o casamento homossexual.

Com o Tratado de Paris (1856) – acordo de paz entre o Império Russo e o Império Otomano após a Guerra da Crimeia -, a pirataria passou a ser um crime. Qualquer tipo de roubo ou saque em alto mar passou a ser contra a lei, o que pode ter levado ao declínio dos piratas como conhecemos.

Recompensas e Riquezas dos Piratas

Quando trabalhavam em grupos para saquear navios e/ou cidades, cada tripulante recebia uma parte do roubo, exceto o capitão, que recebia uma parte e meia. As recompensas e riquezas que os piratas mais buscavam eram metais como ouro e prata, dinheiro, joias e pedras preciosas. 

Porém, outros itens capturados por eles incluiam produtos como linhos, roupas, comidas, âncoras, cordas e medicamentos, além de artigos raros da época, tais como especiarias, açúcar, índigo e quinina.

As recompensas e riquezas que os piratas mas estavam em busca eram metais como ouro e prata, dinheiro, joias e pedras preciosas.
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Os piratas viviam intensamente e mais gastavam o que conquistavam do que guardavam de fato algo para o futuro. As viagens bem sucedidas eram comemoradas regadas a muito rum, vinho, comida e jogos em tabernas.

Muitos ficaram conhecidos por sua crueldade com suas vítimas. A tortura era usada como forma de obter informações sobre navios com tesouros, tesouros escondidos ou rotas marítimas. E, caso os piratas desobedecessem o código de conduta também eram torturados pela tripulação.

O ouro era um dos principais produtos buscado para a riqueza dos piratas
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Além da morte, um dos principais medo dos piratas era de perder algum membro e ficar incapacitado. No caso de ficar ferido, além de uma compensação financeira, eram designados a fazer trabalhos menos exigentes no navio, ou seja, o famoso pirata da perna de pau ou o capitão gancho não era muito útil para a tripulação.

Piratas hoje em dia

Ainda existem piratas hoje em dia, claro, não nos moldes que conhecemos. Ao invés de tesouro, os piratas atuais estão em busca de navios de carga e até petroleiros. O sequestro de passageiros com pedido de resgate é onde está a maior parte das ações piratas.

Segundo o Escritório Marítimo Internacional (IMB), só em 2011 foram 200 ataques piratas registrados no mundo. Entre as principais zonas de risco estão golfos de Áden e da Guiné, Caribe e o estreito de Malaca.

Representação de taberna pirata
(Foto: Tainá Lossëhelin)

Ouça Lady Pirate no Spotify

Muitos artistas costumam ser atraídos pela cultura pirata devido a seu caráter rebelde e força estética. Algumas bandas não só fizeram músicas inspiradas no tema, como algumas se vestem como piratas ou produzem músicas apenas com essa temática.

Fizemos uma seleção dessas bandas separadas em duas playlists. A primeira é composta por bandas de folk e metal que abordam a temática para você imergir nas profundezas desses mares.

Na segunda playlist, temos o Volume II com algumas músicas de bandas brasileiras e outras inspirações piratas.

Ficha Técnica:

Produção: Daise Alves e Mirella Fonzar / Universo Retrô
Modelo: Daise Alves (Miss Daisy)
Fotografia: Tainá Lossëhelin

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