Enquanto na fotografia comercial o profissional atende o desejo do cliente, no Fine Art (ou Belas Artes) é o olhar artístico do fotógrafo que manda. Foi o que a Tainá Lossëhelin fez no editorial Melancolia.
Depois de mostrar seu potencial artístico nos editoriais Rainha do Cangaço e Senhora das Águas, produzidos pelo Universo Retrô, e trazer sua nova proposta vintage, inspirada no Rococó, a artista trouxe um conceito de Fine Art com aspecto nostálgico em sua fotografia autoral com traços românticos e fantasmagóricos.
INFLUÊNCIAS CRIATIVAS DA AUTORA
Depois de fazer estudos imersivos no trabalho de Danny Bittencourt, especialista em Poéticas Visuais, Tainá percebeu que estava pronta para fazer algo nessa linha.
“Eu sempre tive vontade de fazer um ensaio assim. Eu queria água, mesmo que fosse só um riozinho com pedras, eu ficaria feliz. Sabe o clipe Mother Earth do Within Temptation? Sempre quis algo com vestido claro e água.”, diz Tainá.
“Então calhou de acontecer! Eu gosto dessa coisa mais fantasiosa ou que faça você olhar e sentir algo, mesmo que perturbador. Coloquei textura de foto antiga pra passar uma sensação de algo que pode ter sido resgatado no tempo, que desperta uma lembrança, traz uma memória.
Talvez daqui um mês, dois meses, se olhar a foto novamente, sinta uma sensação diferente, porque está em outra fase de sua vida. Isso é realmente é relativo.”, completa.
TRAÇOS DO ROMANTISMO NA FOTOGRAFIA
Já falamos aqui sobre o Rococó como inspiração para fotografia vintage. Agora, podemos falar que esse ensaio foi inspirado em outro movimento artístico: o Romantismo.
O movimento foi dividido em três gerações, mas é a segunda delas que conseguimos enxergar traços mais fortes nesse editorial: a geração Mal do Século. O fascínio pela escuridão, morte, pelo ópio e até pelo tédio se espalhou entre os jovens da época, que eram definidas como pessoas que sofriam do “mal-do-século”.
O que vemos aqui é um “eu-lírico” presente nas imagens, que demonstra uma fuga da realidade, refletindo melancolia, solidão, morbidez e o medo do amor.
No romantismo, também havia uma idealização do passado perfeito e ideal. Neste trabalho fotográfico, conseguimos fazer uma viagem no tempo, com aspectos até medievais, época que os românticos viam como valorização do heroísmo.
Percebe-se também que há um refúgio no mundo dos sonhos e na utopia. Há a sensação de um sentimento passional e até de amor impossível.
NATUREZA AMEAÇADORA
Na geração dos ultra-românticos, a natureza também era vista como algo tempestuoso para expressar o seu êxtase sentimental. Ou ela era definida como um lugar paradisíaco vislumbrada em um momento de sonhos, ou como um local de refúgio para os sofredores mais apaixonados.
A NOSTALGIA COMO MELANCOLIA
Como vimos em A diferença entre Saudade e Nostalgia, a nostalgia é algo que não se pode recuperar, causa entristecimento. Enquanto a saudade pode ser eliminada ao “matar a saudade”, ao entrar em contato com algo que já foi vivenciado, a nostalgia só aumenta, ao invés de diminuir, pois traz recordações que jamais serão vividas novamente como fora antes.
A idealização por esse passado inalcançável, nos traz diversos sentimentos nesse editorial. Uma verdadeira fuga da realidade e viagem no tempo!
MOVIMENTOS ARTÍSTICOS NA FOTOGRAFIA VINTAGE
Assim como estilo retrô não é só pin-up, a Fotografia Retrô também não está ligada apenas a essa estética. E, por mais que durante muitos movimentos artísticos a fotografia ainda nem existisse, eles são uma ótima fonte de inspiração para fotos com aspecto vintage, já que assim, também conseguimos trazer uma narrativa amarrada ao passado.
FICHA TÉCNICA
Editorial: Melancolia
Fotografia e Figurino: Tainá Lossëhelin
Modelo e Produção: Daise Alves
Local: Praia do Lázaro, Ubatuba (SP)