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Pin-Up do Mês posa ao lado do seu baixo elétrico

1 de junho de 2020, por Daise Alves
Moda
Pin-Up Rayssa Deschain

Mesmo com a situação que estamos vivendo no momento, causada pelo coronavírus, o nosso projeto do Pin-Up do Mês continua firme e forte. Seguindo as regras de isolamento social, a nossa Pin-Up do Mês Rayssa Deschain, diretamente de Manaus (AM), faz um ensaio fotográfico em casa e posa ao lado do seu baixo elétrico, instrumento musical que ela toca em bandas de rockabilly e surf music.

Em um ensaio com toques de psychobilly, inspirado em Poison Ivy, guitarrista da banda The Cramps, e no glamour de Marilyn Monroe, Rayssa fala sobre sua relação com o baixo e sobre como é a cultura retrô na região de Manaus. Confira:

Ensaio Pin-Up do Mês
(Foto: Matheus Gondim)

A cultura retrô em Manaus

Universo Retrô – Você mora em Manaus, região Norte do país. Como é a cultura retrô por aí?

Rayssa Deschain – Manaus é uma cidade com uma história riquíssima, contando inclusive com uma belle époque financiada pelo látex. Era uma cidade conhecida como a Paris dos trópicos. Então comparada com outras capitais brasileiras da época (1871) estávamos à frente.

Desta forma o centro de Manaus possui um visual interessantíssimo! Mas, no sentido de se arriscar visualmente creio que a população ainda poderia entregar mais. Comparado com o início de 2000 tivemos um crescimento expressivo, mas ao mesmo tempo ainda sinto a ausência de outros interesses culturais referentes ao passado além da parte fashion.

Ensaio Pin-Up usando baixo
(Foto: Matheus Gondim)

Universo Retrô – Aliás, como é ter um estilo alternativo mais voltado para a cultura retrô/pin-up por aí?

Rayssa Deschain – Creio que no passado sentia uma pressão para uma normalização padrão da aparência que agora não sinto mais com frequência. Mas causa um pouco de estranhamento às vezes, mesmo dentro de uma cena alternativa, mas não um estranhamento em um sentido ruim, mas sim de surpresa.

Mas a apreciação do que proponho visualmente vem mais de outros estados ou até mesmo de outro país do que da minha própria cidade. A maior parte dos meus seguidores no Instagram, por exemplo, são de outros países. 

Ensaio Pin-Up Psychobilly
(Foto: Matheus Gondim)

Universo Retrô – Você frequenta festivais em outras regiões do país. Consegue perceber alguma diferença da cultura?  

Rayssa Deschain – Como as bandas de Manaus que fazem o tipo de som que eu gosto são as minhas bandas, eu não consigo ter essa visão como plateia daqui para comparar com equidade.

Mas o que eu vejo nos festivais de fora é um entendimento maior do som que é feito pelas bandas da cena, as pessoas sabem diferenciar os sub-estilos dentro do gênero.

O baixo e a música na vida da nossa pin-up do mês

Universo Retrô – Além disso, você também toca em bandas de rockabilly e surf music. Musicalmente, como esse estilo musical é visto na região? 

Rayssa Deschain – Com relação a Las Mucuras, que é a banda de surf music, ainda não tivemos a oportunidade de tocar para um público em carne e osso. 

Mas com relação a de rockabilly as pessoas apreciam, mas não entendem direito o estilo. Ainda estamos na fase “É tipo Elvis, né?’’, que cenas de outros estados já superaram, por exemplo. Então, em muitos sentidos eu sinto que é um loop eterno.

O número de pubs e bares que acolhem novas propostas também diminuíram bastante, então usualmente se você não faz o que todo mundo ouve você não toca. O que pra mim como artista me causa angústia.

Ensaio Pin-Up estilo psychobilly com baixo
(Foto: Matheus Gondim)

Universo Retrô – Você também toca baixo em bandas compostas majoritariamente por homens, em que geralmente a mulher está no vocal. Como isso é visto? Sente que é uma quebra de padrão?

Rayssa Deschain – Hoje na formação das minhas bandas temos uma baterista. Uma parte importante para qualquer banda formada por mulheres causa estranhamento, mas também a apreciação de outras garotas. Nos últimos shows que fizemos eu sinto uma realização girl power tanto nossa, quanto do público.

Mas, a pergunta se eu sou vocalista antes do show ainda continua presente.

As inspirações da Pin-Up do Mês

Universo Retrô – O que te inspirou a tocar baixo?

Rayssa Deschain – A começar pelo meu gosto por tons graves. Sempre me chamou mais atenção um cello do que um violino, por exemplo. Depois eu observei esse instrumento maior que o cello que é o contrabaixo e a sua função em obras orquestrais.

O visual do baixo dentro das bandas de rockabilly e jazz sempre me chamou muita atenção também. Você observa um Ron Carter e a imponência e a elegância dele com esse instrumento e parece que é algo que nem é deste mundo, causa aquela sensação de tempo submerso. 

Ou você olha um músico completamente distinto do Ron, que é o Lee Rocker e percebe como ele se diverte com o instrumento e ao observá-lo em cena você é tocado pelo desejo de fazer o mesmo.

É um instrumento imponente e divertido. Pra mim é como se fosse uma pessoa. E, às vezes, ao transportá-lo também o confundem com uma pessoa. Já perdi as contas de quantos policiais ou viaturas olharam para dentro do carro com suspeitas.

Dá trabalho, é caro, dói para tocar, é difícil achar as cordas, quando você acha tem que importar, mas jamais o trocaria por uma guitarra, por exemplo.

Pin-Up com cabelo rosa em ensaio estilo psychobilly
(Foto: Matheus Gondim)

Universo Retrô – Nos fale sobre a inspiração do seu ensaio para o pin-up do mês. 

Rayssa Deschain – Talvez soe pedante citar Nietzsche aqui (mas abaixo explico o porquê).

Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.”

Na verdade o ensaio de Pin-Up do Mês que eu tinha programado não foi possível realizar por conta do Covid-19 e tudo o que está acontecendo nesse trágico momento. 

O ensaio foi criado com o que eu tinha na minha casa, o cenário da parede listrada é o local em que ensaiamos, o tapete vermelho é para a bateria. Eu apenas tentei pensar em um figurino que comporia bem com a parede e demais elementos pré-existentes.

O Hellboy (meu outro baixo, na versão acústica), também não ficou pronto para o ensaio, foi uma série de coisas que deram errado, mas que no final acabou funcionando e fiquei satisfeita com o resultado.

Me lembrou um pouco as fotos da Poison Ivy (The Cramps), mas também aquela famosa foto da Marilyn para a Playboy, mais especificamente as fotos que Tom Kelley tirou da Marilyn em 1949, e que posteriormente, se tornaram o primeiro ensaio da Playboy

Eu não procurei nenhuma referência especificamente, mas a referências estavam no meu inconsciente creio. Porque depois que tirei as fotos vi que tinham alguma semelhança.

Ensaio Pin-Up
(Foto: Matheus Gondim)

Universo Retrô – Quais são suas referências de estilo dentro do mundo pin-up?

Rayssa Deschain – Ultimamente tem sido de artistas que criam artes originais como a @srta_dolores, @ruttu_ruttu, @marlavonduta, @poletas, @old78s são artistas que criam obras inspiradoras e que eu tenho me divertido na quarentena fazendo releituras de suas criações. 

Creio também que tem mais a ver com o que proponho esteticamente, que ao mesmo tempo em que flerto com a pin-up mais tradicional também estou um pouco distante. Filmes e séries, como Mrs Maisel, também são um deleite para referências, e as amigas também são referências e são inspiradoras.

Às vezes perdemos tempo em busca de coisas canônicas para ter uma consagração de um cânone, e na verdade, o que pode deixar você com inspiração estética e em outros aspectos culturais para você explorar, se expor e crescer é o que está à margem.

Ficha Técnica
Produção:
Rayssa Deschain
Foto: Matheus Gondin

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