(Foto: BBC Three / Getty Images / iStock)
Não precisa ser um expert para perceber que a década de 1990 está mais presente do que nunca. A Era dos REs é nítida nesse final dos anos 2010. As pochetes, que por muito tempo foram taxadas de bregas, hoje voltou a ser um item essencial por sua praticidade, assim como o jeans e o xadrez lotam as lojas de fast-fashion, por exemplo.
Na música, diversos retornos como Spice Girls, Back Streeat Boys, a dupla Sandy e Júnior e a geração sertaneja Amigos, são alguns exemplos de retornos musicais que fizeram sucessos na década. Sem falar do Axé e Pagode anos 90 que ganham relevância em Playlists do Spotify.
No cinema não é diferente! Filmes como Rei Leão, lançado em 1996, é a promessa para 2019, 23 anos depois de seu lançamento, agora no formato live action, que aliás, tem sido a forma que a indústria cinematográfica encontrou para lotar os cinemas. Ainda no audiovisual, temos também produções atuais inspiradas no final do século XX, com a série da Netflix, que não fez tanto sucesso assim, Every Thing Sucks, e a própria novela da Globo, Verão 90, que traz um retrato da época.
Há também as marcas que estão investido em relançar produtos ou adaptar novas criações com a estética desse década como o Rádio Portátil da Panasonic, a coleção da Forever inspirada na Kodak, e campanhas publicitárias que trazem esse apelo estético dos anos 90.
E POR QUE ESSA DÉCADA ESTÁ EM ALTA?
Não existe um fator isolado que faz a década de 1990 estar em alta, há muitas questões que contribuem para a ascensão dos anos 90. Um dos pontos, principalmente sobre o que permeia a moda é que ela é cíclica e as coisas sempre tendem a retornar, mesmo como releitura. Outro ponto é que para algo ser considerado vintage, por exemplo, precisa ter pelo menos 20 anos, e os anos 90 já ultrapassou esse período.
E um fator muito importante, que não podemos esquecer, é que estamos falando de uma população economicamente ativa: Os millennials. Esses que tiveram a infância ou adolescência entre os anos 80 e anos 90, têm uma memória afetiva muito grande em relação a esse período, tanto que os a década de 1980 é uma das décadas mais pesquisas no Google.
E sabemos que o apelo emocional, principalmente na publicidade, é muito forte para gerar vendas, não à toa, marcas têm investido nisso, como vimos no início dessa matéria. Então, não é por menos que a nostalgia em relação a essa época está aí, a indústria do entretenimento seja a cinematográfica, da moda, ou musical, contribuem muito para isso.
A TECNOLOGIA COMO CONTRIBUIÇÃO DA NOSTALGIA
Há todo um conjunto da obra que faz um década de 1990 ser amada. Como vimos, foi a época em que os millennials eram crianças ou adolescentes nesse período, portanto, foi a última geração a acompanhar a transição entre o analógico e o digital.
Esse grupo tem crescido junto com a tecnologia, então consegue comparar bem como era a vida antes e depois da internet. Esse olhar sobre “saber como era antes”, tendo de fato vivido nesse período, deixa as pessoas muito mais saudosistas, pois elas sabem que nunca mais vão poder viver aquilo como viveram de fato.
O QUE OS ANOS 90 SENTIA FALTA
Todas as décadas sempre carregaram algum toque de nostalgia, pois um período sempre se inspirou em outro. Então, como podemos ver, o resgate do passado não é de agora. Se estamos revivendo os anos 90 hoje, os anos 90 também reviveu outras décadas.
Em 1995, na Rede Globo, a novela Explode Coração, fez uma alusão aos anos 50, por exemplo. Inclusive, teve um Campeonato de Topetes, que fazia referência aos famosos topetes usados na era de ouro. Esse campeonato, inclusive, foi inspirado em um campeonato real que aconteceu em São Paulo, promovido pelo Ricardo Martins, também conhecido como Rick and Roll. O campeonato, inclusive, foi tema de uma das festas do Universo Retrô: a Rockterapia.
Com isso, podemos ver que a década de 1990 também teve sua nostalgia. Apesar de ter questões características específicas de sua época, também havia grupos, principalmente ao que tange as subculturas, inspirados principalmente no modo de viver dos anos 50, ou a idealização do que foi. O personagem Bebeto era o reflexo da subcultura rocker na novela, que se fortalecia na época, inspirado no estilo de vida e nas músicas desse período.
A nostalgia de cada década
Um filme que mostra bem esse retorno ao passado é Meia Noite em Paris, de Wood Allen. A história mostra a vida de um jovem escritor apaixonado pelos anos 20 que ao “viajar no tempo” e ter contato com essa época, ele vê como as pessoas que viviam naquela período desejam viver em décadas anteriores. O que vemos no filme é que ninguém nunca está satisfeito com a época que vive e sempre acha que uma outra foi melhor.
Só uma correção: O Rei Leão foi lançada em 1994 e não em 1996.