Imagine o mundo capitalista do pós-guerra em 1945, tendo sua “capital” nos Estados Unidos da América. A economia americana melhorou, o tempo era de paz, ainda não havia o medo do comunismo e a família americana se orgulhava de sua organização e democracia. Tudo parecia bem… menos para os adolescentes e ex-combatentes. Os jovens em 1945 não possuíam referências ou ídolos.
Eles deveriam crescer, seguir a mesma profissão do pai, casar, ter filhos e morrer. O futuro para os ex-combatentes era ainda pior. Apesar de muitos terem recebido medalhas de honra, quando voltaram aos Estados Unidos, após combater a ditadura nazista na Europa, encontraram uma ditadura enrustida na América. Sem emprego, sem valor e sem esperança, esses dois grupos precisavam de uma válvula de escape.
Muitos ex-combatentes, utilizando o dinheiro de indenização da guerra, compraram motocicletas e se juntaram em bandos. Saindo pelos Estados Unidos com um espírito de revolta e liberdade, alguns desses grupos ficaram famosos no mundo todo, como os Hells Angels (Hell Angels, ou Anjo do Inferno, era o nome de um bombardeiro americano).
Essas pessoas usavam jaquetas de couro, camisas básicas, calças jeans (pois o jeans era barato e resistente) e botas. Sem querer, essas gangues de motoqueiros acabaram “criando o uniforme” da juventude rebelde dos anos 50. O primeiro a retratar isso no cinema foi Marlon Brando, no filme The Wild One (1953).
Segundo o ator Frank Mazzola, amigo de James Dean e integrante de uma gangue de rua de Los Angeles, após a Segunda Guerra Mundial os ídolos da garotada eram os pilotos americanos. Como os pilotos utilizavam jaquetas de couro por causa do frio e gravavam os nomes dos seus bombardeiros nas costas, os garotos e garotas do início dos anos 50 começaram a fazer o mesmo.
Gangues de rua começaram a pipocar pelos Estados Unidos. Jovens sem esperança em casa começaram a encontrar apoio e meios de colocar sua raiva pra fora em suas gangues.
Principalmente em Nova York, gangues numerosas formadas por rapazes e garotas, apareceram. Havia gangues de negros, porto-riquenhos, irlandeses, russos e, também, italianos. Esses italianos foram os chamados “greasers” por utilizarem brilhantina no cabelo imitando o penteado de Elvis Presley e por serem os primeiros roqueiros que o mundo viu.
Tendo o rock and roll como referência musical, Marlon Brando e James Dean como referência comportamental, os greasers passaram a ser vistos como marginais e como problema nacional. Além disso, as meninas que integravam essas gangues começaram a fumar, usar jeans e jaquetas de couro, não ficando atrás doas garotos em espírito de rebeldia. Muitas delas passaram a liderar gangues também.
Era um novo mundo agora. Com Elvis Presley explodindo a revolução musical e sexual na televisão, a morte repentina de James Dean transformando-o em ícone rebelde adolescente e a angústia e raiva juvenil sendo colocada pra fora, a subcultura greaser tomou o mundo, aparecendo na Inglaterra, Brasil, França e Alemanha.
Por causa das gangues de rua e de suas verdadeiras guerras travadas em locais como Nova York e Los Angeles, a indústria fonográfica passou a criar produtos voltados aos jovens como filmes e revistas (primeira vez que isso aconteceu na História). O governo e a polícia passaram a perseguir esses jovens. Realmente os greasers colocaram muito medo na sociedade moralista americana.
Infelizmente, após 1959, uma sucessão de fatores levou os greasers ao quase desaparecimento. Na música: Elvis Presley foi para o Exército, Chuck Berry foi preso, Jerry Lee Lewis casou com uma prima de 14 anos; Eddie Cochran morreu em um acidente de carro na Inglaterra; Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Bopper morrem em um desastre aéreo.
Nas ruas: as guerras entre gangues já eram um problema antigo em 59, mas a chegada da heroína, principalmente em Nova York, e a dependência da droga levaram a muitas gangues deixarem de existir para se unirem a traficantes. No Vietnã: muitos greasers remanescentes foram convocados para lutar na guerra do Vietnã, levando à sua morte e extinção das suas gangues. Dessa forma, a subcultura greaser quase deixou de existir, tendo seu “renascimento” ocorrido nos anos 80... mas aí já é outra história.
Achei bem colocado tudo o que você escreveu e toda essa trajetória que você fez, mas o ressurgimento Greaser se deu nos anos 70, principalmente por comerciais, músicas e filmes. Outro ponto é que os Greaser eram sim grupos juvenis animados, mas lógico que no cinema há uma forssação maior da barra.